Educational video: Eine Reise um die Welt! | die Deutsche Aussprache üben

This is my newest video. It is about a trip around the world. It is partially based on my own travel experiences, since I already have visited many countries, actually more than appear in this video. 🙂 The idea behind the video is offering easy and slow pronunciation for A1-A2 students.

This is the fifth educational video to learn German as a foreign language I produced for Hallo Deutschschule from Switzerland. I produced it with Vyond.

Das ist das fünfte DaF-Video, das ich für die Hallo Deutschschule aus der Schweiz erstellt habe. Es wurde mit Vyond erstellt.

Educational video: Deutsch lernen | Eine wilde Nacht – Was ist gestern passiert? Ich kann mich nicht erinnern!

My newest video. It is about a funny hangover story and ideal to learn the German Perfekt tense.

This is the fourth educational video to learn German as a foreign language I produced for Hallo Deutschschule from Switzerland. I produced it with Vyond.

Das ist das vierte DaF-Video, das ich für die Hallo Deutschschule aus der Schweiz erstellt habe. Es wurde mit Vyond erstellt.

Educational video: Deutsch lernen mit Dialogen A2, B1 – Kasus Genitiv – Beispiele, Regeln und Erklärungen zum 4. Fall

This is the third educational video to learn German as a foreign language I produced for Hallo Deutschschule from Switzerland. I produced it with Vyond.

Das ist das dritte DaF-Video, das ich für die Hallo Deutschschule aus der Schweiz erstellt habe. Es wurde mit Vyond erstellt

Educational video: Deutsch lernen A1 | Verben im Partizip Perfekt mit Stammvokaländerung | Dativ

This is the second educational video to learn German as a foreign language I produced for Hallo Deutschschule from Switzerland. I produced it with Vyond.

Das ist das zweite DaF-Video, das ich für die Hallo Deutschschule aus der Schweiz erstellt habe. Es wurde mit Vyond erstellt.

Educational video: Deutschlernen mit Dialogen A1 | Frühstück, Mittag- und Abendessen | Vokabular und Verbkonjugationen

This is the first educational video to learn German as a foreign language I produced for Hallo Deutschschule from Switzerland. I produced it with Vyond.

Das ist das erste DaF-Video, das ich für die Hallo Deutschschule aus der Schweiz erstellt habe. Es wurde mit Vyond erstellt.

Mea deefe unsere Kultur net sterwe losse

Brasilianisches Hunsrückisch

Mea deefe unsere Kultur net sterwe losse

Marco Aurelio Schaumloeffel

Texto selecionado no I Concurso Literário de Poemas e Contos em Hunsrückisch e publicado no livro “Hunsrückisch em Prosa e Verso”, páginas 93-96.

Hunsrückisch em prosa & verso: textos do Concurso Literário de Poemas e Contos em Hunsrückisch 2017 . Organizadores, Cleo V. Altenhofen … [et al.]. Porto Alegre: Instituto de Letras – UFRGS, 2018.

ISBN on-line: 978-85-64522-38-1

 

Hier lese ich meinen Text in meiner Muttersprache brasilianisches Hunsrückisch vor (ohne mir großen Sorgen über die Audioqualität zu machen, nur um die Aussprache des Hunsrückischen vom Speckhof/Boa Vista do Herval, Landkreis Santa Maria do Herval, im Bundesland Rio Grande do Sul, Südbrasilien, zu registrieren). Eine dreisprachige Version des Textes finden Sie weiter unten.

Aqui o vídeo-áudio do meu texto (sem grande preocupação com qualidade de áudio profissional, apenas para registrar a pronúncia do Hunsrückisch da comunidade de Speckhof/Boa Vista do Herval, município de Santa Maria do Herval – RS).

Aqui está o texto trilíngue /  Der Dreisprachiger Text ist hier:

Mea deefe unsere Kultur net sterwe losse – Hunsrückisch, Hochdeutsch,  Português

 

O contato linguístico no Sul do Brasil – o caso do Hunsrückisch

O contato linguístico no Sul do Brasil – o caso do Hunsrückisch

Marco Aurelio Schaumloeffel

1) Palestra de encerramento “O contato linguístico no Sul do Brasil – o caso do Hunsrückisch” do VIII Encontro Internacional do Grupo de Estudos de Línguas em Contato – GELIC, realizado em Belém/PA, de 20 a 22 de novembro de 2019, na Universidade do Estado do Pará – UEPA.

Apresentação PowerPoint: solicite por e-mail.

2) Participação em mesa redonda: Constituição de corpora e a pesquisa sobre o contato linguístico em variedades de fala: questões teóricas e metodológicas, com Bruno Rocha (UFMG), Edenize Ponzo Peres (UFES), Marco Aurélio Schaumloeffel (UWI)

Website do evento: https://www.even3.com.br/viiigelic/ 

Syntactic Interferences of Portuguese in Brazilian Hunsrückisch

Syntactic Interferences of Portuguese in Brazilian Hunsrückisch

Marco Aurelio Schaumloeffel

Presentation at the 19th Annual Conference of the Association of Portuguese and Spanish-Lexified Creoles & the Summer Conference of the Society for Pidgin and Creole Linguistics
 
17-19 June 2019
 
Universidade de Lisboa, Portugal

PowerPoint of presentation: request by e-mail

 

Abstract

Syntactic Interferences of Portuguese in Brazilian Hunsrückisch

Marco Aurelio Schaumloeffel
Brazilian Studies, The University of the West Indies, Cave Hill Campus, Barbados

Brazilian Hunsrückisch (HR) is the most widely spoken variety of German in Brazil. German immigration to Brazil started in 1824 and lasted for over a century. Today, it is estimated that there are between 1.2 million Altenhofen 2017) and 3 million (Ethnologue 2018) native speakers of the Brazilian variety of Hunsrückisch. The almost 200-year-old contact situation
with Brazilian Portuguese (PT) created a favourable environment for linguistic interferences (cf. Weinreich 1953; Juhász 1980) in both languages. As result, it is common to find grammatical, lexical and semantic interferences of PT in the varieties of HR (cf. Sambaquy-
Wallner 1998; Altenhofen 1996; Damke 1997, among others). The focus of this paper is to verify the existence of syntactic interferences of PT in HR and to do an unprecedented analysis of these interferences in the HR variety spoken in the community of Boa Vista do Herval, also known as Speckhof in HR, located in the mountainous region of the Northeast of the state of Rio Grande do Sul, Southern Brazil. Data collected from 36 speakers selected according to sociolinguistic criteria based on age, gender, level of schooling, religion and income were transcribed and analysed. The main syntactic interference found in the data examined in this paper is the calquing of the verb position from the PT syntactic structure, i.e., the change for some speakers in the position of the verb in HR from a typical HR behaviour, also in line with standard German, to a verb position typical for PT. Sentences presenting this change will be analysed, showing that there effectively are syntactic interferences of PT in the HR variety spoken in Speckhof.

 

Questionamentos e Discussões Essenciais Acerca de um Possível Sistema de Escrita para o Hunsrückisch Brasileiro

Questionamentos e Discussões Essenciais Acerca de um Possível Sistema de Escrita para o Hunsrückisch Brasileiro

Marco Aurelio Schaumloeffel

 

Artigo publicado na revista Trama, v. 14, n. 31 (2018), p. 109-121, e-ISSN 1981-4674

 

Link para a publicação:

http://e-revista.unioeste.br/index.php/trama/article/view/17600/12408

Artigo em arquivo PDF para download

Errata:  a formatação do artigo provavelmente causou uma mistura/um corte nas palavras na seguinte passagem:

“Assim, há duas formas de escrita e algumas diferenças no Papiamentu, conforme o ilustrado através dos exemplos de palavras apresentadas abaixo:
Curaçao e Bonaire: étiko, kas, piská, Papiamentu, kombinashon, lèternan, ferfdó
Aruba: etico, cas, pisca, Papiamento, combinacion, letranan, pintor
Português: ético, casa, peixe, Papiamentu(o), combinação, cartas, pintor”

Original do artigo submetido pode ser lido aqui.

RESUMO: O objetivo deste trabalho é discutir basilarmente por que e se o Hunsrückisch brasileiro, a língua falada por grande parte dos descendentes de alemães no Brasil, deve ter um sistema de escrita estabelecido. Com base nestas questões, as vantagens e desvantagens de um eventual estabelecimento de um sistema de escrita serão analisados e ponderações feitas sobre o que este sistema, no contexto da complexidade e da presença de muitas variedades, imprescindivelmente deve conter e levar em conta. Serão trazidos exemplos de dois contextos completamente diferentes, nomeadamente da Suíça e das Ilhas ABC (Aruba, Bonaire e Curaçao, no Caribe), onde são falados, respectivamente, o Alemão suíço e o Papiamentu, com o propósito de verificar como estes casos podem apontar para possíveis caminhos e soluções para estas questões. Além disso, duas propostas já existentes de sistemas de escrita para o Hunsrückisch brasileiro serão analisadas e testadas quanto a sua funcionalidade e aplicabilidade.

 PALAVRAS-CHAVE: Hunsrückisch brasileiro, Alemão no Brasil, sistema de escrita, ortografia, variedades linguísticas

 

ABSTRACT: The objective of this article is to fundamentally discuss why and if Brazilian Hunsrückisch, the language spoken by the majority of the German descendants in Brazil, should have an established writing system. Based on these questions, the advantages and disadvantages of a prospective establishment of a writing system will be analysed and considerations will be made about what this system should necessarily contain and regard. Examples from two completely different contexts will be presented, namely from Switzerland and the ABC Islands (Aruba, Bonaire and Curaçao in the Caribbean) where Swiss German and Papiamentu are respectively spoken, in order to verify how those cases can point to possible ways and solutions to these questions. Apart from that, two already existing proposals of writing systems for Brazilian Hunsrückisch will be analysed and tested for their functionality and applicability.  

 KEYWORDS: Brazilian Hunsrückisch, German in Brazil, writing system, orthography, linguistic varieties

Decalques do Português no Hunsrückisch falado no Rio Grande do Sul

Decalques do Português no Hunsrückisch falado no Rio Grande do Sul

Marco Aurelio Schaumloeffel

Apresentação durante o VI Encontro do Grupo de Estudos de Línguas em Contato
7 a 9 de dezPictureembro de 2015, Universidade Federal da Bahia, Salvador – BA

 

 

 

Resumos (Página 57)
Site do evento
PowerPoint da Apresentação: favor solicitar por e-mail
Além da apresentação, também ocorreu a participação no minicurso ‘Language contact/genesis and grammatical development” ministrado por Claire Lefebvre, Université du Québec à Montréal, Canadá.

Abstract

Decalques do Português no Hunsrückisch falado no Rio Grande do Sul

Marco Aurelio Schaumloeffel
Brazilian Studies, The University of the West Indies, Cave Hill Campus, Barbados

O objetivo deste estudo é fazer o levantamento e verificar como ocorre o processo de formação de decalques na variante alemã Hunsrückisch (HR) falada em uma comunidade bilíngue do interior do Rio Grande do Sul. O uso concomitante do Português (PT) e do HR gera um ambiente propício à interferência linguística (cf. Weinreich 1953 10; Juhász 1980) recíproca. Os decalques são o resultado sedimentado das interferências linguísticas que ocorrem em comunidades bilíngues (Schaumloeffel 2007 47) e consistem, especificamente neste estudo, na tradução de empréstimos, na ressemantização (Biderman 2006 36) de termos vindos do PT. Em vez de simplesmente serem adotadas as palavras ou as expressões do PT, como, p.ex., na apropriação lexical, é feita a substituição e elementos correspondentes da língua receptora passam a ser usados. Quando ocorre o decalque, não ocorrem apenas processos semânticos, mas também sintáticos e pragmáticos. O significado no HR permanece equivalente ao do PT; o resultado, porém, é a criação de uma estrutura gramatical ou de uma expressão ou termo antes inexistentes no HR. A análise dos decalques no HR foi feita a partir dos dados levantados em gravações com 36 moradores da localidade de Speckhof, no município de Santa Maria do Herval – RS. Os informantes foram selecionados de acordo com critérios sociolinguísticos como faixas de idade, sexo, grau de escolaridade, religião e fonte de renda com o objetivo de verificar se há graus diferentes de ocorrência de decalques entre os diversos estratos estabelecidos. O estudo verificou a existência de decalques da estrutura sintática, com o verbo em posição diferente da normalmente exigida (P2) no HR, e a ocorrência relativamente produtiva de decalques semânticos provenientes de expressões lexicalizadas do PT.

 

Brasilianisches Hunsrückisch schreiben? / Escrever o Hunsrückisch brasileiro?

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Brasilianisches Hunsrückisch schreiben? / Escrever o Hunsrückisch brasileiro? Perguntas e discussões essenciais.
Marco Aurelio Schaumloeffel


Präsentation während des 9. Brasilianischen Deutschlehrerkongress – Deutsch (über)Brücken – 22.-24. Juli 2015
Universidade do Vale do Rio dos Sinos – São Leopoldo – RS – Brasilien


Programm + Abstracts ISSN 2446-9092 (Abstract auf Seite 30)
Website des Kongresses

PowerPoint der Präsentation: bitte per E-Mail anfragen/solicitar por e-mail

Audio-Datei/Arquivo de áudio com as 10 frases estudadas.

Abstract
Brasilianisches Hunsrückisch schreiben?
Marco Aurelio Schaumloeffel
Brazilian Studies, The University of the West Indies, Cave Hill Campus, Barbados

Ziel dieser Präsentation ist grundsätzlich zu diskutieren, warum und ob man das brasilianische Hunsrückisch (Riograndensisch, Katharinensisch und ihre Varianten) schreiben soll. Anhand dieser Frage, werden die Vor- und Nachteile einer eventuellen Festlegung einer Schreibweise analysiert und was diese unbedingt im Kontext der Komplexität und Vielfalt der Varianten beinhalten und berücksichtigen müsste. Beispiele aus zwei komplett unterschiedlichen Kontexten, nämlich aus der Schweiz und den ABC-Inseln (Aruba, Bonaire und Curaçao in der Karibik), wo Schweizerdeutsch bzw. Papiamentu gesprochen wird, zeigen auf mögliche Wege zu Lösungen auf diese Frage. Bereits existierende Vorschläge von Schreibweisen für das brasilianische Hunsrückisch werden unter den erstellten Kriterien auf ihre Anwendbarkeit und Funktionalität getestet und analysiert.

Por que dizer “sich aposentieren” no Hunsrückisch brasileiro está correto?

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Artigo publicado

Por que dizer “sich aposentieren” no Hunsrückisch brasileiro está correto?

Revista Projekt, número 52, Dezembro de 2014 – ISSN 1517-9281

Artigo em pdf

Revista completa

Por que dizer “sich aposentieren” no Hunsrückisch brasileiro está correto?

Marco Aurelio Schaumloeffel, University of the West Indies, Barbados

Introdução

Você acharia graça se alguém usasse a palavra Fenster em Hochdeutsch (alemão-padrão) ou a palavra armazém em português? Provavelmente não, por considerá-las palavras que fazem parte do léxico, do vocabulário “normal” destas línguas. Contudo muitos acham graça e até mesmo consideram erro crasso alguém usar palavras provenientes do português nas variantes dos dialetos Hunsrückisch[1] falados no Brasil. Taxam o Hunsrückisch de “alemão-de-capoeira”, “língua de colono pobre e coitado”, “coisa de ignorante”, “língua de gente que não sabe falar direito”, “alemão errado”, para me restringir a apenas alguns dos termos que já ouvi pessoalmente.

O objetivo deste curto artigo é esclarecer, desmistificar e explicar de forma simples os motivos pelos quais palavras do português são emprestadas, incorporadas e usadas na língua que muitos falam como sua língua materna, especialmente no sul do Brasil.

O Empréstimo Linguístico

As afirmações acima sobre o Hunsrückisch brasileiro não passam de preconceito linguístico, devido ao status social a ele conferido ao longo dos anos. O preconceito linguístico é “mais precisamente o julgamento depreciativo, desrespeitoso, jocoso e, consequentemente, humilhante da fala do outro (embora preconceito sobre a própria fala também exista)” (Scherre 2008, p.12). Estas afirmações acerca do Hunsrückisch brasileiro não possuem, contudo, nenhuma base lógica ou correta do ponto de vista científico dos estudos em Linguística. Cabe aos estudiosos das línguas a análise e a contextualização de fenômenos que ocorrem dentro dos mais diversos aspectos da gramática e do vocabulário. Para que entendamos melhor o fenômeno do uso de palavras do português no Hunsrückisch brasileiro, gostaria de brevemente mencionar a origem das duas palavras mencionadas acima como desencadeadoras dessa reflexão: Fenster e armazém, presentes no alemão e no português atuais, respectivamente.

Essas palavras são aparentemente triviais e fazem parte inquestionável de sua respectiva língua, mas, historicamente, elas também são fruto de empréstimos linguísticos[2]. Em termos simples e sem entrar em nuances e detalhes de como ocorre esse fenômeno, um empréstimo linguístico é a transferência, o empréstimo de um termo de uma língua para outra. Há vários motivos pelos quais empréstimos linguísticos são feitos, mas de forma generalizada podemos afirmar que eles ocorrem principalmente porque um determinado termo não existia no momento de sua incorporação na nova língua ou porque o novo vocábulo viria substituir um termo anterior, o qual talvez tenha caído em desuso ou que, p. ex., possa ter perdido seu status de uso no dia-a-dia. Há, ainda, casos de empréstimos que são incorporados com a finalidade de desambiguação.  No português atual, p.ex., a palavra inglesa off parece ter um status maior, ao menos nos shoppings, do que a palavra desconto, embora muitos talvez nem saibam exatamente o que off signifique.

Voltemos, contudo, aos exemplos mencionados acima. A palavra alemã Fenster deve sua origem ao latim; após algumas transformações linguísticas bastante comuns (alterações fonéticas e morfológicas), o termo latino fenestra (janela) transformou-se em Fenster. No português temos a palavra defenestrar (jogar/jogar-se pela janela), proveniente da mesma fenestra latina.

Já a palavra armazém no português é de origem árabe: al-makhzan, um lugar para guardar mercadorias, depósito; é daí que também surge a palavra portuguesa magazine[3].

Qual o objetivo de usar essas duas palavras? Elas servem para ilustrar como as línguas recorrem a termos de outras línguas e os incorporam, a ponto de nem serem mais identificadas como provenientes de outro idioma. Esse é um recurso muito normal, difícil de ser percebido em palavras mais antigas como armazém e bem mais fácil de ser identificado em palavras como sanduíche (obviamente proveniente do inglês sandwich). Algumas vezes, até mesmo alteramos o sentido de palavras quando empréstimos linguísticos são feitos: lunch (que em inglês significa “almoço”) vira lanche, que em português significa uma “refeição rápida ou pequena”.

Esse tipo de incorporação, porém, não permite que nós afirmemos que o português deixou de ser português porque agora usa as palavras armazém e lanche, ao invés de outras equivalentes que talvez já tenham caído em desuso ou quem sabe nunca tenham existido. Se assim fosse, seríamos privados de milhares de palavras; talvez só um punhado de palavras “genuínas”, o que quer que isto signifique, ficariam a nossa disposição.

O Caso do Hunsrückisch Brasileiro

O mesmo fenômeno ocorre com o Hunsrückisch brasileiro. Os alemães que imigraram para o Brasil nem sempre sabiam falar o alemão-padrão; em muitas áreas do novo mundo, o Hunsrückisch se estabeleceu como língua-padrão, por ter sido a língua da maioria (cf. Altenhofen 1996, Damke 1997 e Pupp Spinassé 2008). Ele funcionava como uma espécie de língua-franca, pois a origem de muitos imigrantes nem sequer era a região do Hunsrück, mas sim outras partes da área onde hoje estão situadas a Alemanha, a Áustria, a Suíça e até mesmo partes da França e da Polônia atuais, onde se falava alemão. Grande parte dessa imigração ocorreu de 1824 até o final daquele século. As comunidades se formavam e muitas vezes ficam isoladas, sem contato algum com a área de língua alemã dos antepassados, e algumas vezes até mesmo de certa forma isoladas em relação a outras áreas do próprio Brasil, onde se falava português, italiano e outras línguas.

As línguas são extremamente dinâmicas, apesar de muitas vezes nem nos darmos conta de que elas funcionam assim. Como exemplo anedótico, pensemos em uma pessoa dos anos de 1950, que tenha sido guardada em uma caixa naquela época e que só tenha sido libertada recentemente para ver o mundo dos nossos dias. Será que ela saberia do que estamos falando se citássemos termos como celular, computador, impressora, fibra ótica, crédito pré-pago, DVD, curtir e postar na rede social, entre outras centenas de verbetes e expressões? Certamente não, essa pessoa se sentiria completamente perdida, como se estivéssemos falando em outra língua ou “com códigos secretos”.

Algo parecido se deu com o Hunsrückisch brasileiro. Ele passou a existir de forma relativamente isolada em relação às variedades faladas na região do Hunsrück na Alemanha. Em compensação, porém, ele passou a conviver com as variantes do português brasileiro e, em algumas circunstâncias, também em contato com outras línguas europeias faladas no Brasil. Essa situação de contato é condição necessária para que haja um ambiente propício para a ocorrência de empréstimos linguísticos. Se nós já fazemos empréstimos de línguas com as quais sequer estamos em contato direto, então imaginemos a situação do Hunsrückisch no Brasil.

Além do desenvolvimento independente da língua de origem, com o passar do tempo, novas invenções surgiram e, com ela, a necessidade de criar ou emprestar centenas de palavras. Como “batizar” a televisão em Hunsrückisch brasileiro, se o termo do alemão-padrão não é conhecido e não está à disposição? Inevitavelmente a solução é recorrer à língua com a qual se está em contato, daí surge a solução e o nome do objeto, já adaptado à fonética do Hunsrückisch brasileiro: televisón. A outra solução é recorrer à criatividade e usar termos disponíveis na própria língua para criar a nova palavra: Bildakaschte (junção dos termos alemães “Bilder” e “Kasten”, significando em tradução direta para o português “caixa de imagens”), palavra que ocorre em algumas regiões e é uma variante de televisón. Nada de errado e nem de absurdo nisto, apenas um fenômeno linguístico passível de ocorrer em línguas vivas. Ou de onde os alemães teriam tirado a palavra Fernsehen (fern – longe, sehen – ver)? Ela é formada exatamente como televisão (do grego tele – longe, em junção com o latim visione – visão).

Em suma, quando um falante de Hunsrückisch brasileiro diz que o seu avô hot sich endlich aposentiert[4] (“finalmente se aposentou), ele não comete nenhum erro, nenhum atentado absurdo à língua, nem demonstra que é pouco inteligente. Ao contrário, mostra como a língua é dinâmica, como ela pode se adaptar às necessidades e aos fatos do dia-a-dia. Ele demonstra, na verdade, que sua língua funciona perfeitamente como instrumento de comunicação, com regras gramaticais e fonéticas definidas, exatamente como qualquer outra língua. Inclusive, sequer foge à regra de ter exceções gramaticais. Com a expressão usada, esse falante exprime exatamente o que tem de ser dito para que a comunidade de falantes entenda o que pretende dizer. Ao contrário, se fosse arrogante e quisesse mostrar o quão é “versado”, dificilmente seria entendido pelos falantes do Hunsrückisch ao recorrer à expressão usada atualmente na Alemanha para dizer a mesma coisa: er ist in Rente gegangen ou er ist in den Ruhestand gegangen.

Conclusão

O preconceito em relação a este fantástico e completo sistema de comunicação que é o Hunsrückisch brasileiro, um verdadeiro tesouro que carrega dentro de si a cultura e a história de um povo, infelizmente ainda persiste. A falta de conhecimento em relação ao Hunsrückisch gera desconsideração. Uma pena que ainda haja alguns professores, inclusive de alemão, que ignorantemente desprezam o Hunsrückisch, procurando uma superioridade fantasiosa calcada em sua própria arrogância e ignorância acerca do funcionamento linguístico e orgânico de um sistema completo de comunicação oral, como é o caso do Hunsrückisch brasileiro.

O objetivo deste curto artigo foi demonstrar o quão importante é a reflexão e a compreensão adequada de fenômenos como o bilinguismo entre os descendentes de alemães, italianos, japoneses e de outras etnias, inclusive as indígenas, no Brasil. Não há justificativa científica para procurar eliminar o bilinguismo entre os falantes no Brasil, não há justificativa lógica nem prática para tal. Ser bilíngue é uma vantagem no mercado de trabalho no mundo todo, mas em nosso caso também é uma questão de não ignorar, apagar ou menosprezar a própria história. Somos o que somos, somos quem podemos ser.

 

Referências

ALTENHOFEN, Cléo Vilson. Hunsrückisch in Rio Grande do Sul. Ein Beitrag zur Beschreibung einer deutschbrasilianischen Dialektvarietät im Kontakt mit dem Portugiesischen. Stuttgart: Steiner, 1996.

BARANOW, Ulf Gregor. Studien zum deutsch-portugiesischen Sprachkontakt in Brasilien. Tese de Doutorado. München: Ludwig-Maximilians-Universität, 1973.

DAMKE, Ciro. Sprachgebrauch und Sprachkontakt in der deutschen Sprachinsel in Südbrasilien. Frankfurt am Main: Peter Lang, 1997.

PUPP SPINASSÉ, Karen. Os imigrantes alemães e seus descendentes no Brasil: a língua como fator identitário e inclusivo. Conexão Letras. Porto Alegre: PPG-Letras, UFRGS, 2008, vol. 3, n. 3, p. 125-140.

SCHAUMLOEFFEL, Marco Aurelio. Interferência do Português em um Dialeto Alemão Falado no Sul do Brasil. Bridgetown: Lulu, 2007.

SCHERRE, Maria M. P. Entrevista sobre Preconceito Linguístico, variação e ensino concedida a Jussara Abraçado. Caderno de Letras da UFF – Dossiê: Preconceito linguístico e cânone literário, n. 36, p. 11-26, 1. Sem., 2008.

WEINREICH, Uriel. Sprachen in Kontakt. München: Beck, 1976.

NOTAS

[1] Optou-se pelo termo Hunsrückisch brasileiro neste artigo para deixar claro que o autor se refere às variedades dele faladas no Brasil. Geralmente se diz que as variantes do alemão do Brasil são, predominantemente, originárias do Hunsrück. É importante, porém, frisar que não existe apenas uma variante naquela região (e nem no Brasil) que possa ser denominada assim. Há diversas variedades, embora com grande parte dos seus sistemas em comum. Desse modo, pode-se falar na Alemanha, por exemplo, de variedades como o Moselfränkisch e o Rheinfränkisch; este último, por sua vez, engloba variedades de Hessisch e Pfälzisch (Schaumloeffel 2007, p. 32-33). Para obter mais detalhes sobre o Hunsrückisch, recomendamos os estudos de Altenhofen (1996), Baranow (1973) e Damke (1997).

[2] Há muitos estudos sobre o fenômeno dos empréstimos linguísticos. Para maiores detalhes consulte p. ex. Weinreich (1976).

[3] Dicionários etimológicos são instrumentais para o estabelecimento da origem dos empréstimos linguísticos. Como os dois exemplos aqui citados são relativamente bem conhecidos, nenhum dicionário etimológico foi consultado. Porém, até mesmo uma consulta rápida on-line permite confirmar a sua origem. Para armazém veja http://www.dicionarioetimologico.com.br/ e para Fenster consulte http://www.duden.de/.

[4] Assim como muitas palavras, o verbo “sich aposentieren” (aposentar-se) apresenta diferentes variantes nas mais diversas regiões. Ele p. ex. também pode ser realizado como “sich aposehtere”, “sich aposentehren”, “sich aposentiere”. O sistema de aposentadoria só passou a existir em 1889 na Alemanha, portanto, provavelmente não beneficiava nem era conhecido pelos imigrantes alemães do Hunsrück no momento em que a maioria deles imigrou para o Brasil. O autor deste artigo é falante nativo da variedade Hunsrückisch falada em Boa Vista do Herval, localidade do município de Santa Maria do Herval – RS, e os exemplos citados aqui constam no corpus por ele coletado com mais de 13 horas de gravações feitas com 36 entrevistados selecionados de acordo com critérios sociolinguísticos (Schaumloeffel  2007).

Emilio Tezas Aufschlüsselung der Grammatik des Papiamentu

Chapter in Book – German

Emilio Tezas Aufschlüsselung der Grammatik des Papiamentu

SCHAUMLOEFFEL, Marco Aurelio. Emilio Tezas Aufschlüsselung der Grammatik des Papiamentu. In: Philipp Krämer (Org.). Ausgewählte Arbeiten der Kreolistik des 19. Jahrhunderts / Selected Works from 19th Century Creolistics. 1ed.Hamburg: Buske, 2014, Kreolische Biblithek Band v. 24, p. 31-38.

Leseprobe: hPicturettps://buske.de/reading/web/?isbn=9783875486780

Webseite des Verlags:
http://www.buske.de/product_info.php?products_id=3881

Philipp Krämer (Hg.)
Ausgewählte Arbeiten der Kreolistik des 19. Jahrhunderts / Selected Works from 19th Century Creolistics
Emilio Teza, Thomas Russell, Erik Pontoppidan, Adolpho Coelho
Kreolische Bibliothek, Band 24. 2014. 184 Seiten. 978-3-87548-678-0.

Die Disziplingeschichte der Kreolistik ist noch lange nicht vollständig aufgearbeitet. Gerade im 19. Jahrhundert entfaltete sich ein neues Interesse für Kreolsprachen.
Dieser Band zeigt die ganze Vielfalt der Vorläufer des Faches: Vier bisher weniger beachtete Texte aus verschiedenen Ländern von ganz unterschiedlichen Autoren mit ihren eigenen Schwerpunkten können im Original und in deutscher Übersetzung neu entdeckt werden. Neben den Editionen beleuchten zu jeder historischen Arbeit jeweils zwei Kommentare von ausgewiesenen Fachleuten die Facetten der Quellen. Vom epistemologischen Erbe der Disziplin zur biographischen Vorstellung der Autoren, von der historischen Grammatik zur philologischen Bedeutung der Oralliteratur reichen die Fragestellungen, welche die heutige Kreolistik anhand älterer Texte angehen kann.

INHALT 

Vorwort …………………………………………………………………………………………… VII

Einleitung: Vier Kreolisten – und was ihre Arbeiten für die Gegenwart
bedeuten (Philipp Krämer) …………………………………………………………………. IX

Il dialetto curassese (Emilio Teza) ……………………………………………………….. 1

Der Dialekt von Curaçao (Emilio Teza) ……………………………………………….. 11

Emilio Teza: A Curious Genius and Nomad of Philology
(Roberta Pasqua Mocerino / Markus Lenz) ………………………………………….. 23

Emilio Tezas Aufschlüsselung der Grammatik des Papiamentu
(Marco Aurelio Schaumloeffel) …………………………………………………………… 31

The Etymology of Jamaica Grammar (Thomas Russell) …………………………. 39

Thomas Russell’s Grammar of “A Stubborn and Expressive Corruption”
(Don E. Walicek) ………………………………………………………………………………. 55

Thomas Russell’s Contribution to Historical Jamaican Grammar
(Joseph T. Farquharson) ……………………………………………………………………. 67

Einige Notizen über die Kreolensprache der dänisch-westindischen Inseln
(Erik Pontoppidan) ……………………………………………………………………………. 79

Det dansk-vestindistke kreolsprog (Erik Pontoppidan) ………………………….. 89

Die dänisch-westindische Kreolsprache (Erik Pontoppidan) …………………… 99

Dr. med. Erik Pontoppidan und das Negerhollands (Peter Stein) …………….. 109

Die kreolische Oralliteratur: eine Kultur des Widerstandes?
(Magdalena von Sicard) ……………………………………………………………………… 123

Os dialectos romanicos ou neo-latinos na África, Ásia e América
(Adolpho Coelho) ………………………………………………………………………………. 143

Die romanischen oder neulateinischen Dialekte in Afrika, Asien und
Amerika (Adolpho Coelho) ………………………………………………………………… 149

Die letzten Geheimnisse Adolfo Coelhos? (Sílvio Moreira de Sousa) ………. 157

Neither raça nor povo. Adolpho Coelho’s Particular Universalism
(Philipp Krämer) ………………………………………………………………………………. 175


Source: Marco

IDV-Magazin Nr. 85

PictureHerausgeber/Schriftleiter

IDV-Magazin Nr. 85

IDT 2013 – DaFWEBKON – Deutsch weltweit: Bosnien-Herzegowina, Japan, Kroatien, Andenländer, Indien, Russland – DACHL-Seminar

http://www.idvnetz.org/publikationen/magazin/IDV-Magazin85.pdf

IDV aktuell 47

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IDV aktuell 47

Nummer 47, Jahrgang 25, Mai 2013, Der Internationale Deutschlehrerverband

Schriftleiter/Herausgeber: Marco A. Schaumloeffel

www.idvnetz.org/publikationen/idv_aktuell/idv-aktuell47.pdf

Die Zusammenarbeit der Deutschlehrerverbände in Lateinamerika: Geschichte, Fortschritte und Perspektiven

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Artikel:

SCHAUMLOEFFEL, Marco Aurelio. Die Zusammenarbeit der Deutschlehrerverbände in Lateinamerika: Geschichte, Fortschritte und Perspektiven. DaF-Brücke, Quito, v. 12, p. 5-7, 2012.

Eine exklusive Liebe – Um amor exclusivo

Translation

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Tradução do livro “Eine exklusive Liebe”, de Johanna Adorján, do alemão para o português. Alguns detalhes do trabalho podem ser encontrados aqui:

 

 

 

http://thebarbadosblog.blogspot.com.br/2009/09/um-amor-exclusivo-eine-exklusive-liebe.html
– para comprar: http://www.livrariacultura.com.br/scripts/resenha/resenha.asp?nitem=22467398&sid=66249769915324403716007160
– um dos comentários de blogs: http://livros.blog.com/um-amor-exclusivo/
– blog da editora: http://bloggeracaoeditorial.com/2011/04/04/amor-exclusivo-um-romance-emocionante/

IDV-Magazin Nr. 84

Herausgeber/Schriftleiter

IDV-Magazin Nr. 84

4. Band – Beirtäge der IDT 2009

http://www.idvnetz.org/publikationen/magazin/IDV-Magazin84.pdf

Präsentation "Konkrete Beispiele in der Verbandsarbeit"

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Datei:
Präsentation Konkrete Beispiele in der Verbandsarbeit – Exemplos concretos de trabalho nas associações”, Belo Horizonte, Brasil, Aug. 2010 (pdf-Datei)

Discriminação na Kartoffelfest

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Foto de divulgação da Kartoffelfest, publicada no site da prefeitura: www.santamariadoherval.rs.gov.br/kartoffelfest/‎

Discriminação na Kartoffelfest

20.05.2010Picture. É sempre com grande alegria que visito minha terra natal. É uma ótima oportunidade para celebrar, ver a família e os grandes amigos que ficaram para trás. Sinto orgulho do lugar onde passei minha infância, o Speckhof, também conhecido como Boa Vista do Herval. No último dia 16 de maio mais uma vez voltei de férias para lá e obviamente fui participar da grande e já tradicional Kartoffelfest, a Festa da Batata. O Herval, assim como várias outras comunidades de origem alemã, italiana ou japonesa do interior do Rio Grande do Sul, é fascinante e único. Lá há o que chamamos de bilingüismo, ou seja, as pessoas falam, ao mesmo tempo, a língua dos seus antepassados e o Português, a nossa língua nacional. As línguas não são só formas de comunicação, elas são muito mais; elas carregam consigo toda uma história e a cultura das pessoas que as falam. Se uma língua deixa de ser falada, é como se a cultura que ela carrega consigo fosse dizimada. Há coisas, p.ex., que sabemos expressar tão bem no dialeto do Hunsrück falado no Herval e que não podem ser ditas com a mesma precisão em Português. O mesmo acontece com qualquer língua: cada uma possui características que são só suas.

Por muito tempo, especialmente depois da política discriminatória iniciada por Getúlio Vargas, absurdamente proibindo o uso, p.ex., da Bíblia ou de hinários de igreja em alemão, os dialetos e outras línguas faladas no Brasil foram proibidos, teoricamente não podiam ser falados, oficialmente não podiam ser ensinados nas escolas. Isto representou uma “involução”, uma espécie de apologia à “mono-cultura”.

E por muito tempo as coisas não foram diferentes no Herval: falar Alemão ou Português com sotaque era visto como coisa de “colonos”, considerados pessoas ignorantes, ou seja, havia uma inversão absurda de valores. Só falar Português era visto como correto, falar outras línguas era coisa de gente mal instruída. Mal sabem os que riam das pessoas bilíngües que há muito mais lá fora e que saber falar duas, três, quatro línguas é uma excelente vantagem no mundo competitivo de hoje. Um dos pontos altos deste absurdo intelectual foi a tentativa de um ex-prefeito do Herval de querer proibir os alunos de falarem o Alemão, a língua-mãe deles, nos intervalos das aulas (conforme reportagem da ZH de 26.06.1989). O artigo dizia que o ex-prefeito pretendia “coibir” o uso de Hunsrück nas escolas, dando orientação para que os alunos fossem ameaçados com castigos, caso não cumprissem com a determinação. Aquilo nada mais representava que a tentativa de anular a cultura de um povo. Para minha surpresa, mesmo no ano de 2010, deparo-me com mais um episódio lamentável, como o citado acima, na Kartoffelfest. Segundo relatos de pessoas presentes à festa, um dos jovens integrantes do POE (Policiamento de Operações Especiais), com armas pesadas em punho, resolveu chamar a atenção de um casal de idosos que conversava alegremente em Alemão, pedindo para que estes “falassem direito”, tudo isto em uma festa que carrega em seu próprio nome a celebração cultural de uma comunidade. Aparentemente o episódio exigiu, inclusive, a intervenção louvável do atual prefeito junto ao POE, solicitando que estes se ocupassem somente de sua tarefa, a segurança do local da festa. Sugiro ao comandante do POE que instrua seus comandados, pedindo para que estes deixem a arrogância e a aparente falta de compreensão cultural de lado e, pelo menos, cumpram o que diz nossa lei máxima no país, a Constituição Federal, a fim de não discriminarem cidadãos de bem. Isto está previsto nos artigos 3º, Parágrafo IV e 5º, Parágrafo IX, que proíbem quaisquer tipos de discriminação e a livre expressão de comunicação, entre outros direitos.

Além do mais, há um agravante neste caso, pois subjacente está a discriminação intelectual ainda hoje imposta aos falantes de duas ou mais línguas em nossas terras. Nós, os hervalenses bilíngues, não temos culpa e não condenamos ninguém por falar uma só língua, mas exigimos respeito por nossa cultura e língua. Aliás, muitos daqueles que frequentemente criticam os “colonões” ou os “alemães-batata” – expressões que já ouvi muitas vezes da boca de alguns que pensam estar em um nível superior, pois se sentem parte “da cidade” e “civilizados” – lamentavelmente nem sequer conseguem falar corretamente a variedade padrão da única língua que sabem.

Só para citar dois exemplos, na Europa de hoje é quase impossível ser competitivo profissionalmente quando se fala uma só língua. Em Aruba, Bonaire e Curaçao, as Ilhas ABC do Caribe, quase todos os cidadãos sabem falar quatro línguas paralelamente: Holandês, Papiamentu, Inglês e Espanhol. E alguns entre nós ainda querem coibir o Alemão Hunsrück falado em nosso meio. Não são lamentáveis atitudes deste tipo?

Nós deveríamos ter orgulho da nossa cultura e das línguas faladas em nossas comunidades. Se esquecermos do passado, deixaremos de ser quem somos.

Os casos acima ilustram a velha história de querer rir de quem se dedica ao conhecimento e vive a multiculturalidade. O mundo já mostrou e continua a mostrar que a ignorância faz de nós, os eternos subjugados. Quanto mais tentarmos “apagar” nosso passado, seja ele de origem africana, europeia, indígena, árabe ou asiática, tanto mais eliminaremos aquilo que nos torna nós mesmos, aquilo que somos hoje. Quanto mais soubermos, melhor para nós e para o país. Quanto mais discriminarmos, mais nós mesmos nos afundaremos na ignorância. Simples assim.

 * Marco Aurelio Schaumloeffel é professor de Alemão, Português e Linguística. Atualmente leciona Português, Cultura Brasileira e Cinema Brasileiro em Inglês na University of the West Indies, em Barbados, no Caribe. Ele elaborou a sua dissertação de mestrado em Linguística pela UFPR sobre o dialeto Hunsrück falado em Boa Vista do Herval.


Source: Marco

Möglichkeiten und Grenzen des Computereinsatzes in brasilianischen Schulen

Book – German
Möglichkeiten und Grenzen des Computereinsatzes in brasilianischen Schulen
Möglichkeiten Und Grenzen Des Computereinsatzes In Brasilianischen SchulenDieses Buch analysiert die Möglichkeiten und die Grenzen des Computereinsatzes in Schulen, spezifisch im Bereich Deutsch als Fremdsprache.
ISBN 1-44046031-0   EAN 978-1440460319
Publication Date: Mar 30 2009
Page Count: 76
Categories: Language Arts & Disciplines / Linguistic

Interferenz des Portugiesischen im deutschen Dialekt von Boa Vista do Herval, Rio Grande do Sul

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Artikel in den Tagungsakten des VI. Brasilianischen Deutschlehrerkongresses und des I. Lateinamerikanischen Deutschlehrerkongresses, São Paulo, Brasilien, 27.07.2006

“Deutsch in Südamerika: Neue Wege – Neue Perspektiven”

Inhaltsverzeichnis: http://www.abrapa.org.br/cd/beitrage.htm

Artikel
SCHAUMLOEFFEL, Marco Aurelio. Interferenz des Portugiesischen im deutschen Dialekt von Boa Vista do Herval, Rio Grande do Sul. In: I Congresso Latino-Americano de Professores de Alemão & VI Congresso Brasileiro de Professores de Alemão, 2006, São Paulo, Brasil. Tagungsakten des VI. Brasilianischen Deutschlehrerkongresses. São Paulo: Abrapa, 2006

http://www.schaumloeffel.net/textos/interferenz.pdf


Source: Marco

Interferência do Português em um Dialeto Alemão Falado no Sul do Brasil

Book – Portuguese and Hunsrückisch

Português/Hunsrückisch
Interferência do Português em um Dialeto Alemão Falado no Sul do Brasil

Este livro descreve e analisa o estado atual do dialeto Hunsrück de Boa Vista do Herval (DBVH), uma pequena comunidade no RS, Brasil (20km de Gramado). Os dados apresentados baseiam-se em transcrições de quase 20 horas de gravações com 36 falantes, selecionados segundo critérios sociolingüísticos. O ponto central é a análise das interferências do português no DBVH, tanto no âmbito gramatical (gênero, verbos, formação de plural etc.) quanto no lexical-semântico (palavras de várias áreas: família, cozinha, profissões, tecnologia etc.).
ISBN: 978-1-4303-0725-9

Este livro pode ser encontrado aqui:

Interferência do Português em um Dialeto Alemão Falado no Sul do Brasil

O Dialeto Hunsrück de Boa Vista do Herval: materiais complementares (transcrições, tabelas, fotos etc.).

Interference of Portuguese in a German Dialect spoken in Southern Brazil – Hunsrückisch is spoken by the bilingual community of Boa Vista do Herval (BVH), situated in Southern State of Rio Grande do Sul and composed by descendants of Germans who immigrated to Brazil almost 180 years ago. The book draws the historic and sociolinguistic profile of BVH, describes some aspects of its Hunsrückisch, and studies the grammatical, lexical and semantic interferences of Portuguese.

A Massai Branca

Translation

A Massai Branca

PictureSaiu há alguns dias pela editora Ediouro/Geração o romance “A Massai Branca” (Die weiße Massai), que traduzi do alemão para o português. A experiência foi interessante, interessante também tentar entender a cabeça de quem publica, quase que eu teria de assumir em meu nome um título ridículo, algo como “Tão perto, tão longe”, para fazer jus ao gosto do brasileiro, acostumado com pouca leitura e muita novelas da Globo. Eu sempre achava curioso como que filmes com um título simples no original pudessem ser tão desvirtuados em português, algo que quase beira a comédia. Agora entendo como isto ocorre, pois aconteceu algo semelhante na hora da definição do título deste romance da suíça Corinne Hofmann. Ainda bem que o bom senso prevaleceu. Mesmo assim tiveram de tascar um subtítulo, não agüentaram (sinto muito, mas não posso assumir a responsabilidade…), o sentimentalismo do brasileiro teve de ser explorado, vejam que romântico: “A Massai Branca. Meu caso de amor com um guerreiro africano” (ISBN 9788560302024). Muito melhor, não? Soa mais “bonitinho”. Se alguém tiver interesse em ler e me dar um retorno mais tarde, eu muito agradeceria. Aqui as notas de tradução que escrevi para o romance:

Breves notas do tradutor
Vários termos usados nesta história baseada em fatos, típicos do ambiente onde ela se desenrola, parecem estranhos à primeira vista, tanto que não é possível encontrá-los em dicionários e enciclopédias de língua portuguesa. Todavia eles são automaticamente clarificados ao longo da narrativa através do contexto, como é o caso da própria palavra “massai” e de outras, tais como “moran” (guerreiro), “matatu” (perua, van, táxi coletivo) e “maniata”. No caso de “maniata”, por exemplo, haveria equivalentes em português, porém todos imprecisos para descrever este tipo de moradia massai singular, tanto que optei pela incorporação do termo original, assim como a própria autora já o fizera no alemão. “Massai” ainda não é um termo consagrado em português, mesmo em inglês, uma das línguas usada no Quênia, há variações: maasai ou masai. Em alemão e em português é necessário usar o “ss” para não alterar a pronúncia do termo. Mas também poder-se-ia cogitar o uso de “ç”, assim como já acontece em “Mombaça” (“Mombasa” em inglês). Como há uma localidade no Rio de Janeiro denominada “Maçai” e o nome de Maceió deve sua origem ao “maçai” do tupi (“maçayó” ou “maçai-ok”, “aquilo que tapa/cobre o alagadiço/o mangue”), preferi “massai”, a fim de fazer a diferenciação.
Também por fidelidade ao uso e estilo da autora, usei alternadamente “chá” e “chai”, sempre que foram usados, respectivamente, os termos “Tee” e “Chai” no original em alemão. O mesmo ocorre em alguns diálogos simples, importantes para a ambientação, usados em inglês no meio da narrativa em alemão. Inclusive há erros propositais neles, mostrando o parco conhecimento inicial do idioma, tanto por parte de Corinne quanto de Lketinga. Uma tradução destes fragmentos em inglês faria com que vários elementos extratextuais constantes na narrativa fossem perdidos. A alternância entre o uso de linguagem mais formal em alguns trechos do original e de linguagem informal em outros foi igualmente observada na tradução.
Por fim, é curioso observar que etimologicamente a palavra “Kral”, freqüentemente usada em alemão no original, também existente em inglês (“kraal”), adotada nestas línguas a partir africâner (“craal”), tenha a sua origem no português (“curral”). A presença lusa na África meridional possibilitou a incorporação do termo ao africâner. Diferentemente do português, “Kral” e “kraal” podem significar não só “curral”, mas também “vilarejo de nativos sul-africanos”. É exatamente isto que faz as línguas serem tesouros fascinantes. Boa leitura!

Barbados, Índias Ocidentais, agosto de 2006.
Marco Aurelio Schaumloeffel

Outras fontes:
http://www.geracaobooks.com.br/releases/massai_release.html
http://vergostarler.blogspot.com.br/2013/01/a-massai-branca-meu-caso-de-amor-com-um.html
http://thebarbadosblog.blogspot.com.br/2007/04/massai-branca.html

 

IDV-Rundbrief, Nr. 68, Dezember 2002

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Neue Publikation: IDV-Rundbrief, Nr. 68, Juni 2002, 39 Seiten
Der Internationale Deutschlehrerverband
Schriftführer/Herausgeber: Marco A. Schaumloeffel
http://www.idvnetz.org/publikationen/rundbrief/RBrief68.pdf

Deutschlehrerverbände Lateinamerikas treffen sich in São Leopoldo, Brasilien

Artikel:

SCHAUMLOEFFEL, Marco A. Deutschlehrerverbände Lateinamerikas treffen sich in São Leopoldo, Brasilien, IDV-Rundbrief, Nr. 68, Juni 2002, Seiten 25-29, Der Internationale Deutschlehrerverband – ISSN 1431-5181
http://www.idvnetz.org/publikationen/rundbrief/RBrief68.pdf

IDV-Rundbrief, Nr. 67, Juni 2002

Neue Publikation: IDV-Rundbrief, Nr. 67, Juni 2002, 49 Seiten
Der Internationale Deutschlehrerverband – ISSN 1431-5181
Schriftführer/Herausgeber: Marco A. Schaumloeffel
http://www.idvnetz.org/publikationen/rundbrief/RBrief67.pdf

Daitsch uf’m Speckhof

Dialetos alemães no Rio Grande do Sul

Neste pequeno trecho recolhido de uma estrevista feita para a minha Tese de Mestrado está a essência do tema:

Ent – sprechst du die tswói sproche?
E01 – ia (.) alsmoh (.) is alles dóhrichnanna
Ent – un so dehém?
E01 – dehémm is alemón (.) alemón is dehémm
Ent – in de schul?
E01 – português
Ent – in de pause?
E01 – bresiliónisch un daitsch

Internet im Fremdsprachenunterricht: Pädagogische und Didaktische Ansätze

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Kubanischer Deutschlehrerkongress – 2000

Moskauer Medienkongress 2000. Internet: Konzeptionen Perspektiven

Bericht:

Moskauer Medienkongress 2000. Internet: Konzeptionen Perspektiven

SCHAUMLOEFFEL, Marco Aurelio. Moskauer Medienkongress 2000. Internet: Konzeptionen Perspektiven. Projekt, São Paulo – SP, v. 35, p. 26-26, 2000

Zweite Regionalkonferenz Zielsprache Deutsch zum Thema Deutsch an der Schwelle zum Dritten Jahrtausend in Havanna, Kuba vom 18.03.2000 bis zum 25.03.2000

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Bericht:

Zweite Regionalkonferenz Zielsprache Deutsch zum Thema Deutsch an der Schwelle zum Dritten Jahrtausend in Havanna, Kuba vom 18.03.2000 bis zum 25.03.2000

SCHAUMLOEFFEL, Marco Aurelio; BREDEMEIER, Maria Luísa Lenhardt . Zweite Regionalkonferenz Zielsprache Deutsch zum Thema Deutsch an der Schwelle zum Dritten Jahrtausend in Havanna, Kuba vom 18.03.2000 bis zum 25.03.2000. Projekt, Sao Paulo – SP, v. 35, p. 8-9, 2000.

Internet im Fremdsprachenunterricht – Pädagogische und Didaktische Ansätze

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Moskauer Medienkongress – 2000

Workshop

Naturschutzstiftung O Boticário

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Tradução Português-Alemão/Übersetzung Portugiesisch-Deutsch:

SCHAUMLOEFFEL, Marco Aurelio ; FISCHER, Markus . Fundação O Boticário de Proteção à Natureza – Naturschutzstiftung O Boticário. São José dos Pinhais: Fundação O Boticário, 1998.

 

O uso produtivo dos MOOs para o ensino de línguas

O uso produtivo dos MOOs para o ensino de línguas
Marco Aurelio Schaumloeffel
Mestrado em Lingüística, UFPR

 
Os MOOs (Multi User Domains, object oriented) são ambientes virtuais, nos quais são criados objetos/locais virtuais. Nestes ambientes ocorre a interação. Quem está conectado pode interagir com os outros usuários ou com os objetos/locais virtuais nele existentes. Os MOOs e os Chats são semelhantes. Ambos são “locais” de encontro para o bate-papo entre os usuários. Mas esta característica é apenas uma das dimensões do MOO. O grande diferencial se dá pelo existência de objetos “mudos” que são descritos em forma de texto.No MOO Mundo Hispano encontra-se, p. ex., a descrição de um ambiente virtual denominado “Puerta del Sol” (veja em anexo). Neste MOO há vários ambientes com os quais o usuário pode interagir, há bares, sala de aula (onde pode-se aprender todos os comandos do MOO), avenidas, bibliotecas, aeroportos, etc. Para poder locomover-se, deve-se dar um comando adequado. Caso haja dificuldade neste sentido, basta ir para a sala de aula ou acionar os mecanismo de ajuda que fornecerão os comandos necessários, geralmente acompanhados de exemplos. Em cada ambiente estão descritas algumas caraterísticas típicas. No bar pode-se interagir com um garçom virtual, cumprimentando-o, fazendo pedido de bebidas e comidas, etc. Todas estas simulações são baseadas em texto da língua-alvo. Além destes objetos já existentes, o próprio usuário poderá criar os seus objetos virtuais, com os quais ele e os outros conectados poderão interagir. Mesmo não havendo outras pessoas conectadas ao MOO, o aprendiz de L2 pode fazer uso da língua-alvo através da interação oferecida por estes objetos “mudos”. No bate-papo realizado no MOO Mundo Hispano (em anexo), o autor foi levado por outro usuário de nome “Isis” para um ambiente particular criado (Piramide de la diosa Isis).

Os MOOs constituem um registro com características diferentes no sistema comunicativo. Tradicionalmente afirma-se que há apenas dois tipos de registro: o oral e o escrito. Koch e Oesterreicher (1990) estabelecem, além deste nível, que chamam de Medium, ou seja, meio pelo qual se realizam – ou falado ou escrito -, um outro nível, o da Konzeption, ou seja, como o material expresso através de um meio (Medium) foi originalmente concebido, se de maneira oral ou escrita. Os MOOs não podem simplesmente ser enquadrados em um destes dois registros tradicionais do nível Medium. A comunicação se dá através da máquina, através de texto digitado, mas tem todas as características da comunicação oral, pois há a “conversa” virtual entre as pessoas conectadas. Dessa maneira, temos uma comunicação que utiliza como meio a escrita, mas sua concepção é indiscutivelmente oral.

Esta comunicação, que ocorre de forma parcelada, não deixa de ser virtual, pois ocorre num ambiente virtual, criado para os fins específicos a que se propõe determinado MOO (jogo, desafio, educativo, etc.). A interação entre aqueles que estão conectados naquele momento ao MOO ocorre no espaço virtual, no ciberespaço, mas tem todas as características da comunicação autêntica. Aqui vale lembrar o caso da sala de aula. Temos um ambiente real, mas a comunicação, na grande maioria da vezes é “falsa”, sempre provocada de maneira artificial, pelo professor, com fins específicos (p. ex. treinar o uso de determinados tempos verbais, “usar” as preposições que estão sendo estudadas, etc.). No MOO são criadas situações comunicativas verdadeiras, mesmo que num ambiente virtual, pois há a interação entre aqueles que “dialogam” através desta nova forma de comunicação.

Nesta interação de concepção oral e meio escrito temos uma defasagem de comunicação, ou seja, a comunicação não é instantânea. Sempre há um pequeno espaço de tempo, de alguns segundos, entre o envio e o recebimento de um diálogo, visto que a rede mundial de computadores – a internet – ainda não é rápida suficiente para proporcionar um diálogo simultâneo. Esta limitação tecnológica da rede traz, para o efeito do ensino de línguas estrangeiras, ao contrário do que se podia supor, vantagens. Ela permite que o aluno de L2 tenha tempo maior para poder ler, decodificar, as mensagens por ele recebidas. Por outro lado, também fornece tempo para que possa formular, elaborar a sua resposta, característica singular deste tipo de comunicação real no espaço virtual. Imaginemos os alunos frente à uma situação de comunicação real em um espaço real. Dificilmente haveria a possibilidade – e o tempo suficiente – para elaborar e decodificar as mensagens. O aluno teria que contar ou com a paciência do interlocutor ou ambos passariam, p. ex., para uma terceira língua em comum ou apelariam para a linguagem dos gestos. Esta limitação tecnológica já entra nesta forma de comunicação como regra estabelecida, sendo pré-condição que deve ser aceita por ambas as partes.

Diversas pesquisas já mostraram que o uso de computadores no ensino aumenta sensivelmente a motivação do alunos. Mesmo depois de passada a fase inicial da curiosidade, a motivação permanece. No caso dos MOOs, o aluno que se conecta a um desses “espaços virtuais” tem a possibilidade de falar com alguém sobre aquilo que lhe interessar, não precisando adequar-se ao assunto tratado em aula, muitas vezes “proposto” pelo professor. Cabe ressaltar que esta conversa é sem algum compromisso, oferecendo a oportunidade de falar sobre aquilo que interessar (na sala de aula há, p. ex., o compromisso de obter uma boa nota), fluindo evidentemente de maneira mais natural. O padrão normal para este tipo de conversa no espaço virtual é o registro coloquial. O fator pessoal oferecido por este tipo de comunicação é decisivo quanto à motivação. Os MOOs proporcionam um contato mais fácil, tornando a comunicação mais simples, sem os entraves (preconceitos, timidez, etc.) da vida real. O anonimato conferido por este tipo de conversa, dá, ao mesmo tempo, maior proteção e liberdade.

Ao ingressar e participar ativamente de um MOO, o usuário criará automaticamente uma personalidade virtual, o que exigirá dele criatividade. Delinear sua personalidade virtual, às vezes uma nova a cada nova conexão, é um aspecto produtivo muito interessante para os fins proposto pelo ensino de L2.

Pelo simples fato da comunicação num MOO ocorrer num espaço virtual, vale fazer uma observação. Assim com no espaço real, as discussões em grupo num MOO sempre exigem uma determinada “discussão” a respeito da hierarquia das pessoas envolvidas. No ambiente real, muitas vezes, isto é determinado pelo simples contexto, por gestos, por posição social, etc.; em um MOO, pelo contrário, essa negociação obrigatoriamente deve ocorrer de forma escrita, o que permite implementar a nova forma de comunicação acima discutida.

É evidente que a utilização de um MOO também apresenta alguns problemas. No início o usuário, assim como em qualquer situação nova para o ser humano, pode ficar “perdido”, encontrando dificuldades de manuseio da máquina, com a conexão necessária ou com o próprio software.

A rede mundial de computadores, a internet, é resultado de conexões caóticas, absolutamente desordenadas, fazendo com que seja incontrolável, por enquanto lenta e, em alguns momentos, apresente problemas. Mensagens enviadas nem sempre são recebidas pelos destinatários, por simplesmente “perderem-se” na rede.

Acompanhar as conversas pode ser tarefa difícil para os alunos no início. Alguns conectados já têm um bom traquejo nos MOOs, o que pode trazer problemas para os “novatos”, pois a comunicação pode ser muito real, “muito autêntica”, para o nível de domínio da L2 por parte do aluno. Uso de gírias e expressões idiomáticas é regra neste tipo de ambiente, mesmo porque grande número dos conectados escolhem um MOO de sua língua-mãe.

O software TelNet geralmente é utilizado para as conversas no espaço virtual. Nele há um problema sério: não há a possibilidade de editar as frases, as conversas produzidas, caso o aluno queira relê-las mais tarde ou utilizá-las para outras atividades. Há outros programas melhores, basta acionar as máquinas de busca e procurar na rede. Em alguns MOOs há, em determinados horários do dia, muitas pessoas conectadas ao mesmo tempo. Para o iniciante isto pode ser uma desvantagem. Como a conversa flui muito rapidamente, ele pode perder o “fio da meada”, dando contribuições atrasadas, pois os participantes podem mudar de assunto muito rapidamente, ou, o que também é normal, haver muitas contribuições, de modo que as frases que o iniciante elaborará, de maneira lenta, “desmancham-se” na tela ao entrarem novas frases dos outros participantes. Por outro lado, há momentos em que a rotatividade de conectados é muito grande. Alguns apenas dão um “olá” e já se retiram do MOO, de maneira que, em determinadas situações, o usuário tenha que repetir várias vezes o mesmo diálogo, restrito quase que unicamente aos cumprimentos. Conseguir cativar o interlocutor com perguntas e respostas instigantes pode ser muito importante nestes momentos.

Outra barreira para a desenvoltura na conversa on-line pode ser o teclado. Tudo funciona através dele, desde os “gestos” mais simples, até a expressão de idéias complexas. Ter destreza manual razoável é importante.

Os MOOs, na maioria das vezes, são mais adequados para quem já possui uma certa base de conhecimentos na L2, para poder ter melhor “trânsito” na via virtual. Há as exceções, os grupos criados para a situação especial de aula, que serão adequados aos fins propostos previamente.

Nos MOOs há vários tipos de ambiente, a maioria deles não são criados para fins educativos, foram criados apenas como “local virtual” para facilitar o contato e para, de certa forma, direcionar o assunto da conversa. Alguns desses ambientes são extremamente indisciplinados, assim como também acontece na vida real. Há ambientes onde, p. ex., a pornografia é regra. Escolher, portanto, o ambiente adequado na língua-alvo é também umas das tarefas de quem se propõe a utilizar uma L2 com fins de aprendizagem lingüística.

Por fim, devemos sempre ter em mente que este tipo de recurso informatizado jamais substituirá o ensino “normal” de línguas, de sala de aula, na presença de um professor. Os recursos informatizados, como vimos no exemplo dos MOOs, podem ser um importante auxílio, pois eles acrescentam, complementam o trabalho que normalmente ocorre em sala de aula.

Bibliografia

CHAN, Marsha. No talking, please, just chatting: Collaborative writing with computers. Mission College, Santa Clara, California (marsha_chan@msmail-gw.wnmccd.cc.ca.us) 5 p.

KOCH, Peter; OESTERREICHER, Wulf (1990). Gesprochene Sprache in der Romania: Französisch, Italienisch, Spanisch. Max Niemeyer Verlag, Tübingen.

MARVIN, Lee-Ellen (1996). Spoof, Spam, Lurk and Lag: the Aesthetics of Text-based Virtual Realities. Department of Folklore and Folklife. University of Pennsylvania. 18 p.

McCOMAS, Karen L.; LUCKER, Jay R. (1996). Simulation activities in a virtual environment. Marshall University & St. John´s University. Huntington, WN & Jamaica, NY. 5 p.

RHEINGOLD, Howard (1996). Multi-User Dungeons and alternate identities. The virtual community. Chapter Five. (http://www.well.com/user/hir/vcbook/vcbook5.html)

SANDBOTHE, Mike (1995). Interaktive Netze in Schule und Universität – Philosophische und didaktische Aspekte. Institut für Philosophie. Otto-von-Guericke-Universität Magdeburg. (http://www.uni-magdeburg.de/~iphi/ms/home.html)

WARSCHAUER, Mark (1996). Motivational aspects of using computers for writing and communication. In M. Warschauer (Ed.), Telecollaboration in foreign language learning (pp. 29-46). Honolulu, HI: Second Language Teaching & Curriculum Center (University of Hawai`i Press). 20 p.

WEININGER, Markus J.(1996a) Exemplos do uso criativo de recursos informatizados para o ensino de línguas. UFPR, Curitiba. (www.humanas.ufpr.com.br/delem/deutsch/) 14 p.

WEININGER, Markus J.(1996b) Estudo autônomo com a ajuda de novas tecnologias no ensino comunicativo de línguas estrangeiras. UFPR, Curitiba. (www.humanas.ufpr.com.br/delem/deutsch/) 15 p.

WEININGER, Markus J.(1996c) O uso da Internet para fins educativos. UFPR, Curitiba. (www.humanas.ufpr.com.br/delem/deutsch/) 12 p.

(Versão reduzida sem as notas de rodapé do original)

Anexo
“Conversa” interativa do autor com outros usuários do MOO Mundo Hispano. A conversa iniciou-se no ambiente virtual chamado “Puerta del Sol” É importante observar que o autor está tendo pela primeira vez contato ativo com a língua espanhola.

Puerta del Sol  Este es el eje central de Madrid y tambie’n lo es del MOO. Cuando el viajero se encuentra por primera vez en la Puerta del Sol, puede sentirse un tanto desorientado por el flujo de tra’fico y viandantes hacia y desde las cinco arterias que confluyen en esta magna plaza.
Isis llega a la Puerta del Sol.
Isis saluda a todos
Dices, “Isis, Hola!”
Isis te dice, “como estas??”
Ros ha llegado.
Dices, “Isis, estoy bien. E tu? Tengo un problema….”
Isis dice a Ros, “hola!!”
Mafalda ha llegado.
Isis te dice, “cual problema?”
Ros dice a Isis, “Hola”
Ros dice a Mafalda, “Hola”
Isis saluda a mafalda
Dices, “Isis, Jo no hablo bien espanol…”
Dices, “Ros, Hola!!!”
Ros dice a Mafalda, “de donde eres?”
Isis dice, “no te preocupes..”
Mafalda te dice, “HOLA!! a isis HOLA!!!! :)”
Dices, “Mafalda, Hola!!!”
Ros te dice, “Hola,”
Mafalda dice a Ros, “Holaa!! :)”
Mafalda dice a Ros, “soy de Colombia y tu???”
Ros dice a Mafalda, “Soy de Merida”
Isis le dice que puede acompan~arle.
Dices, “Isis, Jo soy de Brasil!!”
Ros dice a Mafalda, “que estudias ?”
Mafalda dice a Ros, “estoy en 3o. de administracion”
Ros te dice, “Con razon hablas asi”
Mafalda te dice, “y que estudias??”
Ros dice a Mafalda, “estudio sistemas comp.”
Tienes la sensacio’n de que Isis te esta’ buscando en Piramide de la diosa Isis.
Isis dice, “teclea @join isis”
Dices, “Jo soy de po’s-graduacion aca en Brasil!!”
Tienes la sensacio’n de que Isis te esta’ buscando en Piramide de la diosa Isis.
Isis dice, “ah no ni idea…ya casi no hablamos..”
Ros dice a despido, “de todos … gusto en conocerlos”
@join isis
Usando el conjuro apropiado llegas hasta donde esta Isis.
Piramide de la diosa Isis
Bienvenidos a mi piramide….aun no ves nada, pero dentro de poco podras verla bien adornada…espero te sientas a gusto..
Isis esta’ aqui’.
Isis te saluda.
Isis dice, “y como te llamas??”
Dices, “Jo me llamo Marco, soy novato en Moos!!”
Isis dice, “ahhh…y yo me llamo Sheila”
Dices, “Gracias por terme ajudado. Estas mucho tiempo en internet?”
Isis dice, “oye… de nada…”
Isis dice, “si me gusta mucho estar aqui”
Isis dice, “y que haces, estudias??”
Dices, “si a mi tambien (el espanol es muy dificil!!!)”
Isis dice, “hablas ingles??”
Dices, “no hablo aleman e estudio linguistica!”
Isis dice, “ahhh que bien..”
Adan se teletransporta aqui’.
Isis dice, “yo estudio Admon de empresas”
Isis saluda a adan
Adan le da la mano a isis y se presenta!
Isis dice a Adan, “como estas??”
Dices, “Esta’a en la universidad o en tu casa?”
Dices, “Hi, Adan”
Adan dice, “estoy bien!”
Isis dice, “”si..estoy en la U..”
Adan te da un amigable apreto’n de manos.
Adan te dice, “hola, como estas??”
Isis dice a Adan, “que estudias??”
Dices, “Sorry, Adan no coneco los comandos deste Moo!!!”
Adan estudio sist. computarizado con inf. gerencial
Isis dice, “que chevere!!!”
Dices, “what means chevere?”
Isis dice, “chevere es….COOL!!”
Dices, “Gracias!!”
Adan dice, “significa ‘bien… ”
Isis dice, “y que cuentan??”
Dices, “Sorry, estoy baguncando aca'”
Adan ohh esta bien
Isis te dice, “vagando??”
Isis dice, “ahh que pereza!!”
Dices, “No baguncando en Brasil means estoy haciendo una confusion ”
Isis te dice, “ahhh…sorry..”
Dices, “Qui es pereza?”
Adan dice, “regreso enseguida”
Adan se ha desconectado.
Isis dice, “mmm pereza es boring”
Dices, “Sorry, no compreendo!”
Dices, “En qual cidade est’as?”
Adan se ha conectado.
Adan dice, “hola”
Adan dice, “ya llegue!!”
Dices, “Hola, Adan, de vuelta?”
Adan dice, “si es que me estaba cambiando de computadora”
Adan dice, “isis por que no tienes novio??”
Dices, “SO, jo pretendo escribir un trabajo sobre moos en el ensino de lenguas!”
Isis dice, “hola de nuevo”
Isis dice, “y bueno…de que hablamos??”
Adan te pregunta el por que no tienes novio
Isis dice, “tan aburridos??”
Dices, “Isis, en cual cidade esta’s?”
Isis dice, “yo soy de Bogota ”
Isis dice, “tu en que ciudad de Brazil vives??”
Dices, “Isis, yo soy de Curitiba! Ja ouviu hablar de ella?”
Isis dice, “no…no la he escuchado..”
Adan dice, “donde queda ese lugar??”
Dices, “Isis, Curitiba tiene 1.600.000 habitantes!!!”
Isis dice a Adan, “en Brazil..”
Isis dice, “Bogota tiene 6’500.000 mas o menos”
Isis dice a Adan, “tu ciudad es grande o pequen~a??”
Dices, “Isis, coneces el samba?”
Isis dice, “si…jeje”
Isis dice, “que musica te gusta??”
Dices, “Isis, como se llama la musica tipica de Colombia?”
Isis dice, “te gusta SODA STEREO???”
Adan vive en una isla pequen~a con 3.600.000
Isis dice, “la tipica…haber….cumbia…vallenato..”
Isis dice, “bambuco..”
Adan dice, “el vallenato me gusta mucho!”
Dices, “como es el bambuco?”
Adan dice, “y la cumbia tambien”
Isis dice, “el bambuco…hmmm no se como decirte..”
Dices, “tiene instrumentos de sopro en el bambuco?”
Isis dice, “de vallenato solo me gusta Carlos vives…de resto no..”
Isis dice, “es que no se mucho de bambucos..}”
Isis dice, “me gusta mucho el rock..”
Adan dice, “y en Brasil???”
Isis dice, “tu fuiste a rock en rio II ??”
Isis dice, “disque estuvo super!!!”
Dices, “No jo era nin~o!!”
Isis dice, “y cuantos an~os tienes??”
Dices, “El rock’n Rio es muy hablado!!!”
Dices, “Tengo 22!!”
Isis dice, “super!!! estavieron mis grupos favoritos!!”
Isis te dice, “pero enotnces no eras tan nin~o porque eso fue hace 5 an~os…”
Adan se teletransporta afuera.
Isis dice a adan, “y tu cuantos??”
Dices, “Isis, cuantos an~os tienes tu?”
Isis dice, “19 ”
Dices, “Si, correcto, pero el Rock’n Rio I, el mas famoso fue en 1985”
Dices, “Rock’n Rio II passo desapercebido!!”
Dices, “Rio tiene condiciones para obter la Olimpiada de 2004? Jo pienso que no…”
Isis dice, “ni idea!”
Tienes la sensacio’n de que Isis te esta’ buscando en Puerta del Sol.
Isis dice, “teclea @join isis”
Dices, “Tchau Isis, tengo que salir!!!”
@salir
*** Disconnected ***

Source: Marco