The GHANA Blog


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          Incluído dia 18.10.2004         


Olá pessoal! Estamos de volta a Gana! Tivemos dias muito legais no Brasil, foi um longo tempo, deu para matar as saudades, rever amigos e viajar um pouco. Curtimos muito no Nordeste, deu para comparar legal com a África. Temos muitas coisas em comum. Em breve colocarei fotos no blog que provam essas semelhanças. Além disso haverá fotos de toda a viagem no site.

Depois das maravilhosas férias no Brasil, ficou um gostinho de quero mais... Mas a vida continua e o negócio agora é pensar em aproveitar e conhecer mais sobre esse país e seu lindo povo.Chegar aqui novamente foi bem diferente do que a primeira vez. Pois agora já sabíamos o que nos esperava. Depois de duas semanas já estamos quase africanizados novamente he he.

A readaptação aqui não é muito fácil. As diferenças climáticas são muito grandes. Faz muito calor aqui. Chove quase todos os dias desde que chegamos, todos dizem que o tempo está maluco. Ano passado chegamos na mesma época (final de setembro) e fomos ver a primeira chuva só em abril, o que é considerado normal. Calor e alta umidade dão uma sensação de sauna.

A época das chuvas  não passou ainda. O pessoal daqui diz que faz muitos anos que não chove por um período tão prolongado. Sair sem repelente é pedir pra ser comido vivo...

Durante a semana flagrei um esquecimento do nosso jardineiro/guarda. Ele deixou suas “escovas de dentes” sobre uma cadeira. Vejam a foto. Muitos ganenses usam este tipo de pauzinho para limpar os dentes. Eles passam como se fosse uma escova e não como um palito. É um tipo de madeira mole, adequado para isso. O resultado é bom, pois muitos têm dentes fortes e bonitos. Estas “escovas” podem ser compradas nas ruas de mulheres com bacias na cabeça cheias de feixinhos desse tipo. Eis as "escovas" dele:

No GIL as aulas começaram estranhamente um dia depois do previsto. Agora tudo já está no ritmo normal. No ano passado demorou mais de uma semana para realmente começar.

No blog de 27.04.2004 eu descrevi o lago Bosumtwi, perto de Kumasi. Lá eu explicava que era formado por uma cratera vulcânica, explicação dada por todos. Esta semana ouvi na BBC, porém, que cientistas austríacos e americanos estão lá estudando o lago, originado da queda, há um milhão de anos, de um grande meteorito, que teria causado o “buraco” do lago. Isso já está provado, pois os tipos de pedra que lá se encontram são típicas de um meteorito. Inclusive há fragmentos dessas pedras espalhados num raio de 1000km em torno do lago. Ainda bem que isso aconteceu há muito tempo... ;-))

O nome dessa tela é “Cabritos”. Aqui é um dos bichos que mais vemos nas ruas. Estão por toda parte. Um dos meios de preparo da carne de cabrito é fritá-la no óleo de dendê. O cheiro é bastante forte, o gosto não sei e não tenho vontade de saber...

Uma das mais interessantes vitrines de interpretação da cultura de um povo são as propagandas. Enquanto nós achamos muito normal associar o formato de uma garrafa ou o gosto de uma cerveja a mulheres belas, em Gana surte efeito o que pode ser chamado de “realismo fantástico”. Remédio que cura diarréias deve ter uma placa na rua com a ilustração de uma criança de cócoras sofrendo as conseqüências da disenteria; remédio contra impotência logicamente mostra o desenho de um homem grande e forte tendo uma ereção, ao contrário da nossa linguagem que prefere propagandas com jogos de palavras que permitam interpretações cheias de segundas intenções; um médico que trata hérnias coloca em frente ao consultório ilustrações com anomalias desproporcionalmente grandes nas mais diferentes partes do corpo; para mostrar a resistência de um reservatório de água na TV, monta-se uma cena de um acidente de caminhão, na qual o tanque transportado cai e desce rolando um morro enorme e não estraga. Estes são apenas alguns exemplos de propagandas efetivas em Gana que causariam estranhamento cultural e poucos resultados positivos para o anunciante, caso fossem usadas em nosso meio. A foto abaixo é uma prova disso, vejam que há a necessidade de desenharem ao lado do "Omega" para que serve. Interessantes são o pescador com o braço doído e a senhora com dores nas costas. Há outras situações muito melhores, mas ainda não consegui tirar as fotos. Prometo que um dia ainda estarão nesse blog:

Em dezembro haverá eleições presidenciais aqui. Mostrarei fotos de propagandas e outros detalhes nas próximas edições do blog. A propósito: meu colega de IDV e diretor do GIL, Sebastian, resolveu ser candidato a deputado federal. Acho que ele tem chances de ser eleito.

As palmas aqui do pátio de casa produzem pelo menos um cacho de dendê por mês. Vejam que maravilha. Com os frutos do dendê dá para fazer sopa, óleo etc. Nós sempre damos o dendê para nosso jardineiro ou para a dona da casa, que adoram preparar uma sopa fortíssima. Sim, João Paulo: é muito mais forte do que aquele cassulé que nós comemos em Minas... Cassulé perto disso é produto para fazer dieta. Imagine!

Estou bem feliz de ter comido tudo que tinha vontade e direito no Brasil.

No domingo passado fizemos comida típica brasileira, já que trouxemos feijão. Convidamos nosso amigos Franziska e Etienne (suíços que falam português, pois já moraram em Portugal e Moçambique) e Sara e Cyprus (ela italiana, grávida, e ele ganense). Foi bem agradável, eis a foto coletiva:

Na quinta-feira estarei indo para a Alemanha e depois para a Croácia. Na cidade de Zadar teremos mais uma reunião do IDV. Estarei de volta dia 03 de novembro.

Adinkra XX

Para entender o que esta série está explicando, veja seu início no dia 01.12.2003.

JUASOHENE GWA: Banco para o Juasohene. Tem o design ‘Nkonta’ com lados retos ao invés de circulares.

AHANTA STATE STOOL: Banco de ceremonial que pretence ao chefe maior do estado de Ahanta. A cena esculpida na parte superior mostra o chefe e sua esposa jogando oware, acompanhados de um guarda que porta uma arma e de um músico que os anima. A cena inferior mostra um porta-voz do chefe com seu bastão típico e o portador da espada do estado.

GA STATE STOOL: O símbolo do antílope parado em cima do elefante é proverbial para o estado Ga. Significa que o cume é atingido com sapiência e nunca por causa do tamanho (temos um ditado igual no Brasil: “tamanho não é documento!”). Os Ga foram uma das poucas tribos do litoral que sobreviveu à Guerra Ashanti.

WENCHIHENE GWA: Banco para o Wenchihene. É parecido com o banco do  Manponghene.

ADONTINHENE GWA: Banco para o Adontinhene. Também é parecido com o banco do Manponghene, que representa o inverso do símbolo do banco da lua.

Nota: todos estes bancos descritos aqui e nos blogs anteriores são esculpidos em uma única peça de madeira, sem uso de emendas, colagens ou pregos.

Em breve mais.... escrevam !!!

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