The GHANA Blog

voltar

          Incluído dia 13.01.2004         

Henrique Badoch: Tbm to escrevendo pra dizer que ficar sem noticias sobre coisas interessantes dai é frustrante.... vcs sempre contam coisas muito interessantes..... Ah... e ai, o povo é muçulamano neh?!? Entao deve ser bem estranho passar o natal ai certo?!?.... Aquele abraço......

É Henrique, passar o Natal aqui foi bem estranho, não deu para perceber o verdadeiro "espírito natalino", as pessoas não festejam assim como nós, mas isso não só por influência dos muçulmanos, também pelos próprios costumes daqui. Apesar de muitos serem cristãos, eles o são há pouco tempo, de forma que também praticam as religiões "originais" daqui, que pregram diversas coisas. Um dia ainda entrarei nesse assunto, explicando um pouco melhor as religiões daqui. Mais ou menos 30% são muçulmanos, mas aqui na área metropolitana da Accra não dá para perceber uma influência muito grande, apenas traços, ao contrário do norte do país. Aqui não há um conservadorismo muito grande, mas é possível ver mulheres de túnica e homens estendendo tapetes em direção a Meca para fazer uma das várias orações diárias.

Resolvi bater um papinho com uma de minhas colegas de turma, muçulmana. Ela me disse que eu deveria estudar árabe, pois segundo ela é muito mais fácil que inglês. Eu obviamente acreditei.... a começar pelo fato do alfabeto arábico ser completamente diferente e depois ainda ter que ler as frases do fim para o começo. Acho que não ocorreria sinapse, mas sim um grande nó nas minhas conexões cerebrais. Ela também me disse que vai trazer o “Alcorão” para eu dar uma olhada, mas que essa semana não pode pegá-lo porque está menstruada. Acho que é a semana do mês em que as mulheres são consideradas indignas...

Há alguns dias comprei um CD aqui que eu sempre quis comprar no Brasil. Chama-se « Black Ivory Soul » da Angélique Kidjo, excelente cantora do Benin. Ela faz uma mistura interessantíssima de música de seu país com a música baiana. A primeira faixa é uma reinterpretação muito boa de “Refavela” de Gilberto Gil. Além disso, numa faixa ela canta com Dave Matthews. Vale a pena dar uma escutada.

Esse mês estamos passando pelo Harmattan, que é um período estranho, nublado com uma poeira acinzentada no ar, até quando assoamos o nariz sai tudo acinzentado. Esse fenômeno ocorre devido aos ventos que vem do Saara.

Estas duas fotos tiradas ontem na praia (11.01.2004) mostram muito bem o que é o harmattan, aquele vento seco que vem do Saara e traz muita poeira (areia) do deserto. Veja como o sol quase não aparece (foto tirada no início da tarde) e a baixa visibilidade, parece um nevoeiro.Nos meses de dezembro e janeiro é tempo de harmattan. Por incrível que pareça, aí refresca um pouco, não fica aquela sensação de abafado, pois o ar seca, bastante agradável, principalmente à noite, ou seja, « inverno ». Durante o dia é quase impossível ver o sol.

Os libaneses têm grande influência por aqui, como já escrevi anteriormente. Uma das coisas boas é o shawarna (ou shawarma, não sei, já vi escrito de duas formas), um sanduíche enrolado (fica parecendo um rolo) feito com pão libanês. Dentro vai carne, molho, saladas. Fica muito bom, tanto que já fizemos várias vezes em casa.

Nessa tela retratei pescadores e uma casinha típica. Detalhe especial com o rapaz dormindo no barco, pois é o que vemos diariamente por todos os cantos e lugares imagináveis.

A semana que passou foi a primeira semana depois das mini-férias de Natal e Ano Novo. O Ghana Institute of Languages estava praticamente vazio. Nem alunos, nem professores apareceram. Acho que minha turma foi a única a funcionar regularmente. Há dois motivos para este “alongamento”: o diretor foi para Ouagadougou (fácil, né! É a capital de Burkina Faso, país vizinho) fazer uma palestra – quando ele viaja a maioria dos professores e funcionários acha que não precisa aparecer – e já é tradição entre os estudantes matar a primeira semana de aula. Como não pretendo me africanizar, dei aulas. Muitas vezes as causas do desenvolvimento ou subdesenvolvimento de um país não estão só na exploração interna ou externa, mas também na vontade própria de progredir e na qualidade da educação oferecida...

Depois do feriado as aulas iniciaram novamente, mas os alunos de “Português” são os únicos que estão tendo aula. O instituto está super parado, na minha turma por exemplo de 26 alunos, apenas 3 estão vindo. Como a professora não está passando matéria, ficamos batendo papo a aula toda. Sempre depois das férias e feriados pode contar que as aulas iniciam só uma semana após a data marcada para o retorno das aulas.

Em junho provavelmente organizarei uma semana de filmes brasileiros. Seria uma iniciativa pioneira. Pretendo trazer cinco bons filmes atuais (me escrevam, dêem dicas de quais eu posso solicitar!!!) e mostrar de graça para a população (com legendas em inglês, claro). Por aqui não há grandes cinemas ou coisa do gênero, apenas poucas salas de exibição, que estão integradas a alguma instituição como num Internet Café, Alliance Française, Goethe, National Theatre etc. Ainda estou procurando o lugar ideal para o festival de filmes, mas já tenho bons contatos.

O que acho engraçado por aqui é a decoração que muitas pessoas fazem na parte interna do carro. Eles costumam enfeitar os carros com vaso de flores, frutas de plástico, ursinhos, tapetes, bolas coloridas de plástico na parte traseira, luzinhas coloridas, cortina etc. O Falcão adoraria...

Adinkra VI

Para entender o que esta série está explicando, veja seu início no dia 01.12.2003.

	Osrane ne nsoroma (lua e estrela). Um símbolo de fidelidade.
	Nyame dua (um altar para o Deus do céu). Altar, lugar de culto de adoração.
	Mframa-dan (vento - casa). Casa construída para suportar ventos e más condições de tempo.
	Aban (cerca). Representa casas com cercas. Um protetor. Segurança dupla. Seguro a toda prova.
	Anibere a enso gya, nka mani abere koo. A seriedade não mostra olhos vermelhos (de raiva), caso contrário você verá minha face vermelha (estranho, meio contraditório, mas esse é o significado).

Em breve mais.... escrevam !!!

voltar