The GHANA Blog


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          Incluído dia 27.10.2003         


Os alunos do Marco pediram para ele mudar o horário de aula, logo o horário das minhas aulas de inglês também mudou, agora é das 11h às 13h. Na minha nova turma tem vários muçulmanos eles usam umas roupas interessantes, as mulheres acho que devem passar calor, todas com o corpo e cabelos bem cobertos. Quando saímos para passear de vez em quando vemos alguns muçulmanos ajoelhados rezando em direção a Meca, até no pátio do instituto tem vários, acho interessante. Aqui tem igrejas por tudo que é lado, as que mais vemos são as evangélicas.

Muitos ganeses têm uma cicatriz grande, um corte horizontal, geralmente na face esquerda. Ainda não descobri o que isso significa, certamente deve ser um sinal da tribo de origem, uma espécie de marca de identificação, selo de procedência...

Essa semana está tendo campanha para vacinação contra paralisia infantil, é assustador o número de deficientes que vemos por aqui. Aqui vender cadeira de rodas dá uma boa grana, elas estão a venda em tudo que é loja de tão normal que é a situação, é deprimente.

Descobri, através dos colegas da embaixada, um costume dos homens ganeses. Contam eles que o sofá da recepção sempre estava com o encosto da cabeça preto depois de certo tempo; achavam que era por falta de limpeza na cabeça dos visitantes. Depois de várias tentativas de limpeza, não conseguiam remover as manchas pretas. Um funcionário ganês revelou que aquilo era de graxa de sapato. Isso mesmo. Os homens não sentam na posição inversa no sofá, eles usam graxa preta para “embelezar” o cabelo... Na próxima semana escreverei sobre clareamentos.

Um dos bichos que mais se vê por aqui é a salamandra/gecko. Os machos são multicolores, as fêmeas  são menores e acinzentadas. Como eles são muito medrosos, é difícil conseguir tirar fotos. Deste tiramos ontem (25.10.2003) num bar na praia.

Fomos na “Aliança Francesa” duas vezes essa semana para assistir filmes em italiano e legendados em inglês, América e O quarto do filho que por sinal foi o filme que eu e Marco assistimos no Brasil a primeira vez que saímos juntos.

Nessa semana fomos duas vezes na Alliance Française. A Embaixada Italiana estava organizando uma semana de filmes. Foi bem legal, lá encontramos minha amiga italiana, a Sara, para quem eu tinha trazido – vejam só! – o livro “Onze minutos” de Paulo Coelho, já que ela é fã dele. Assistimos a “L’America” e “La stanza del figlio” e vimos um exposição de artes. Além disso, conhecemos um senhor muito interessante, que é poliglota, fez curso de restauração de papéis no Rio e é o diretor geral de todos os museus de Ghana. Comentei que havíamos ido ao National Museum e disse que era bom e interessante. Ele calmamente respondeu “interessante sim, bom não”. Gostei dele.

Hoje (26.10.2003) fomos a um churrasco na casa de brasileiros. Foi bem legal. Havia umas 20 pessoas. Falamos bastante português, bebemos umas geladas. Conhecemos uns holandeses legal, além de um italiano que fala português por ser casado com uma angolana. O casal que deu o churrasco é ganês-brasileiro: ela de Alagoas e ele ganês que fala relativamente bem português.

Quando eu era pequena eu cortava o cabelo de todas minhas bonecas, não sobrava uma com cabelo mais longo, hoje vi que todo esse treino não foi em vão, pois o Marco não quis arriscar ir num dos cabelereiros locais, os homens em geral tem o cabelo raspado, então resolvemos ser corajosos e eu cortei o cabelo dele, não sei se o que fiz pode ser chamado de “O Corte” mas acho que deu certo....

 

João Paulo: Só me digam uma coisa: e o balanço das cadeiras das negras? Têm mais ritmo e harmonia que o visto e sentido aqui no Brasil? É diferente? Como? O balanço é menos ou mais sensual? Ou a sensualidade da mulher brasileira foi construída no solo pátrio a partir do olhar do colonizador? A mulher africana autêntica não tem as ancas flexíveis, dinâmicas, arrebitadas, arredondadas, mas com o movimento perspectivador da sensualidade selvagem, anárquica e livre de peias? Exijo explicações. Afinal, vocês estão aí para quê? Um grande abraço, João Paulo.

Pergunta complicada, essa, JP! Acho que as africanas não têm mais ritmo e harmonia que o visto no Brasil, principalmente na Bahia. Deixemos claro que Curitiba de antemão não pode ser incluída nesses comentários, dada a falta de, digamos, maleabilidade nua e crua sentida nas ruas. Quanto a ser sensual, depende do gosto de cada um. Se você preferir algo mais planejado, treinado e aprovado pelos olhos masculinos, o sacolejo das brasileiras é a melhor opção. Aqui os movimentos são mais rebeldes e selvagens, sem a erotização que provavelmente foi inserida no Brasil a partir do olhar do colonizador. Livre das peias realmente elas têm movimentos mais anárquicos, ou seja, como você diz, apresentam uma sensualidade selvagem. Aqui não há as misturas de raça que conhecemos no Brasil, o que se reflete, por conseqüência, também no balanço das cadeiras, sendo algo menos “globalizado”, para usar uma palavrinha da moda. Já a anatomia é muito diferente: ancas muito arrebitadas, seios fartos e geralmente uma barriga de tamanho inaceitável para qualquer propaganda de cervejas no Brasil. Nesse formato elas são consideradas lindas pelos homens, pois deixam a certeza, com seus quilos a mais, de que são bem alimentadas e fortes, tendo todos os pré-requisitos para serem uma boa reprodutora. Por falar nisso, será que o nosso padrão de beleza ainda tem alguma ligação com isso? JP, um dia ainda verei o carnaval deles, quem sabe aí terei mais elementos para acrescentar a essa questão.

Em breve mais.... escrevam !!!

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