Brasileiro vive dia de rei em Gana e
come feijoada
DO ENVIADO A ABUJA E ACRA
O presidente Luiz In�cio Lula da Silva viveu ontem, em Acra (capital de
Gana), um dia de rei. Primeiro, em evento no pal�cio do governo, agradeceu
aos africanos pelo samba e pela feijoada. Mais tarde, recebeu presentes da
comunidade de descendentes de escravos que s� s�o oferecidos aos chamados
"reis negros".
Por duas horas, Lula foi o convidado de honra da comunidade
brasileiro-ganense de descendentes de escravos que, h� 200 anos,
trabalharam no Brasil. O nome da comunidade � Tabom -quando os escravos
voltavam � �frica, pelo fato de s� dominarem a l�ngua portuguesa, usavam o
"como est�?" para os cumprimentos e o "t� bom" para a resposta informal.
Lula vestiu uma bata branca e foi abra�ado pela comunidade. Entre os
presentes, ganhou uma manta que � dada aos que passam a ser reis da
comunidade. Diante das homenagens, Lula disse que estava se "sentindo no
Brasil".
O Estado de S�o
Paulo |
|
|
Em Gana,
presidente se imagina na Bahia |
|
|
|
|
'Estou com
cara de rei?', perguntou o presidente Luiz In�cio Lula da
Silva, enrolado em uma kent� africana, uma manta
delicadamente bordada a m�o, cujo valor chega a U$ 300,
que ganhou de presente durante a festa feita em sua
homenagem por cerca de 250 descendentes de escravos que
foram levados para o Brasil no final do s�culo 17 e
retornaram depois a Gana.
Lula ficou comovido com a homenagem e sentiu-se em casa -
particularmente na Bahia. '� como estar no Brasil',
observou. Foram duas horas de descontra��o e muita
anima��o depois de dois dias na Nig�ria envolvido em
assuntos menos emocionantes como equil�brio da balan�a
comercial e acordos bilaterais. A festa aconteceu na sede
da embaixada brasileira em Acra e reuniu representantes da
comunidade brasileiroganense Tabom.
Os escravos voltaram � �frica depois de comprarem sua
liberdade no Brasil. Como s� sabiam falar portugu�s,
quando chegaram a Gana usavam o cumprimento 'como est�?'e
a resposta informal 't� bom'. Esse foi o nome como os
escravos passaram a ser chamados no retorno ao pa�s. 'Estamos
felizes pois hoje podemos nos considerar completamente
brasileiros', comemorou o rei Nii Azumah V, da tribo Tabom,
que ganhou um trono de presente de Lula .
O presidente j� chegou aos jardins da embaixada vestido a
car�ter e, como havia prometido ao cerimonial, com uma
t�nica branca batakari, t�pica da regi�o.
Como na chegada ao aeroporto da capital de Gana, assistiu
a um ritual em que o representante da tribo joga gim no
ch�o para invocar os deuses e desejar boas-vindas. Seria
como jogar cacha�a para o santo.
A recep��o dos Tabom foi t�o animada e divertida que os
ministros Celso Amorim e Gilberto Gil n�o se contiveram e
entraram na dan�a, como tamb�m a ex-ministra Benedita da
Silva. 'Eu n�o posso', respondeu Lula ao ser perguntado se
n�o cairia no samba. Antes, fora abra�ado e beijado pelas
africanas da tribo, que dan�avam sem parar ao som de
atabaques e outros instrumentos de percuss�o.
Ao mesmo tempo, Lula prometeu ajuda para restaurar a Casa
do Brasil em Acra para servir como centro de documenta��o
para a comunidade Tabom. '� a melhor homenagem que se pode
fazer a quem tanto contribuiu com o Brasil', disse Lula,
citando a feijoada e o samba como dois exemplos de cultura
levada pelos escravos. O chefe de cerim�nia africano n�o
parava de gritar: '� um momento hist�rico'.
A homenagem dos 'retornados', como s�o chamados, aconteceu
depois da reuni�o de Lula com o presidente de Gana, John
Agyekum Kufuor, que o recebeu com pompa no aeroporto de
Acra. Debaixo de forte calor, Lula participou da cerim�nia
militar e depois foi conhecer o pal�cio do governo, �s
margens do Oceano Atl�ntico, onde foram assinados acordos
para estabelecer linhas a�reas entre os dois pa�ses e
consultas pol�ticas. ? C.F. |
|
|
|
|
|
|
|