The GHANA Blog
Incluído dia 14.04.2004
Pintei duas crianças carregando água. Uma cena bem comum a qualquer hora do dia. Não pude deixar de retratar o albinismo também, que aqui me chama atenção. O quadro chama-se "Crianças carregando água. Albinismo."
As mãos têm significado especial para os ganenses. A esquerda é considerada suja, nunca pode ser usada para comer, passar coisas para os outros ou para cumprimentos. A mão direita é usada para tudo, inclusive para comer, já que não é regra em Gana usar talheres para a alimentação. A grande maioria dos alimentos, mesmo os mais gosmentos e com molhos, são comidos com a mão. Mesmo em restaurantes razoáveis, freqüentados por ganenses das classes média e alta, muitos pratos locais são servidos sem que o garçom traga talheres. Um utensílio básico é uma pequena bacia de plástico com água e uma toalhinha para que os clientes possam lavar a mão direita antes e depois da refeição. Às vezes a bacia fica em cima da mesa, servindo de enfeite para o prato servido.
Sábado e Domingo passamos em um lugar chamado Kumasi, onde fica o império Ashanti. Esse povo é apaixonante, cheio de detalhes, símbolos, objetos e significados. Eu gostei muito.
Durante a Páscoa fomos para Kumasi, segunda maior cidade do país, a capital do reino dos Ashanti, que já foi muito rico e ainda hoje tem muita influência na vida política e econômica de Gana. Visitamos, entre outros lugares, o palácio do rei e tivemos boa introdução na cultura Ashanti. Aos poucos poderemos contar mais coisas sobre eles. Conseguimos uma foto (ver abaixo) do rei Nana Opoku Ware II, que reinou de 1970 a 1999. Pelas informações que tenho através da biblioteca da embaixada, ele inclusive visitou o Brasil em 1979. Observem que ele veste uma roupa do tipo Kente, muito cara, e vários braceletes, colares e anéis de ouro. Quando o rei usa todos os adereços, seus braços ficam tão pesados, que ele precisa de um ajudante ao seu lado para levantar o seu braço durante, p. ex., o cumprimento a visitantes. Observe que seu trono também é revestido de ouro.
Na sexta feira santa fomos a um centro de convenções assistir ao filme Paixão de Cristo, que uns colegas libaneses conseguiram trazer pra cá. Eu e Marco nem conseguimos nos concentrar legal no filme, pois o pessoal aqui não conseguiu assistir o filme só com os olhos. Ficavam chorando, fezendo barulhos estranhos, tínhamos que rir pois o negócio se tornou cômico para nós...
Na Sexta-feira Santa vimos o polêmico filme “A paixão de Cristo”. Acho que o diretor exagerou no uso de imagens com violência, tanto que no final ela já quase estava vulgarizada. Algumas cenas foram mal feitas, é possível perceber erros de montagem, talvez não perceptíveis quando a emoção toma conta. Para mim é mais uma história interessante sobre os momentos finais da vida de Cristo. Mas acho que não podemos esquecer que todos os povos e culturas têm sua forma de explicar a origem do mundo, da existência do seu deus e de suas manifestações no mundo, enfim, de sua religião. Quem garante que os cristãos são os únicos a estarem certos? Ninguém deveria ser tão arrogante e achar que só as suas crenças estão certas, mesmo porque rejeitar e discriminar os outros já não é um princípio que deveria ser pregado por qualquer religião. De fato o que se pode observar hoje em dia é o contrário. Há guerras, discriminações, privilégios, pessoas ou grupos que acham que elas foram as únicas escolhidas para irem ao « céu » etc. Achei o filme bom, pois ele me fez pensar em tudo isso.
Aqui, ao contrário de quando estávamos em Curitiba, eu curto muito quando chove, chego a ficar sentada olhando a chuva cair. Ruim é o dia após a chuva, é de morrer de tão quente que fica, dá até vontade de entrar no congelador da geladeira...
Em Kumasi há um mercado enorme, o maior de Gana, chamado Kejetia, que ocupa cerca de 10 hectares, tem mais ou menos 10.000 comerciantes e os telhados das lojinhas são de zinco. Ele é muito confuso e tem de tudo. Contam as pessoas que ele já foi duas vezes devastado pelo fogo, na última vez em 1995. Abaixo uma foto do mercado feita a partir de um morro próximo.
Adinkra XV
Para entender o que esta série está explicando, veja seu início no dia 01.12.2003.
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NSEBE GWA: O banco do amuleto. Os lados decorados representam o amuleto (‘sebe’), daí o seu nome ‘nsebe gwa’ |
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SAKYI DUA KORO GWA: O pilar único sustenta o banco. Usado por pastores(as) em cerimônias especiais. |
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KONTONKOROWI GWA: O banco do arco-íris circular. |
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KONTONKOROWI MPAEMU GWA: O banco do arco-íris circular dividido. |
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MMOM GWA: O banco com apenas dois suportes (normalmente os bancos têm quatro). Usado por sub-chefes. |
Em breve mais.... escrevam !!!