The GHANA Blog


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          Incluído dia 07.04.2004         


Nessa tela retratei as coisas que não gosto daqui. A maioria das figuras tem duplo significado, mas só vou explicar aquilo que vejo...  Falta de energia, água e moradia. Falta de higiene, pessoas urinando na rua, valetas abertas cheias de lixo, mosquitos, falta de água. As pessoas enchendo o saco, querendo toda hora alguma coisa, brancos e negros que parecem não ver mais nada na vida além do dinheiro. O relógio sem utilidade, pois o tempo aqui é outro. Pessoa acreditando que as coisas caem do céu e também os que vão a igreja apenas para ocupar o tempo.  Falta de educação, aqui 65% das pessoas ainda são analfabetas e o enorme número de deficientes. O nome dessa tela é “o olho que sente e chora”.

Ontem vi a cena mais interessante no Ghana Institute of Languages (GIL) até agora. Parece impossível, muitos vão dizer que estou mentindo. Ao chegar para trabalhar, vi numa sala ao lado, uma turma inteira trabalhando intensamente, fazendo exercícios. Na frente, a professora, uma senhora gorda, provavelmente cansada, resolveu deitar a cabeça sobre a mesa e dormir. Não era uma soneca, dava para perceber que a cabeça dela estava “afundada” na mesa, era sono profundo, coisa que não podia ter começado há menos de meia hora. É incrível, eles dormem em qualquer lugar, não interessa a importância do evento, a posição profissional do dorminhoco, se há barulho por perto, se está desconfortável etc. Basta ter sono. Me arrependo profundamente de não ter levado a câmera na bolsa para poder tirar uma foto.

Eu gosto muito dos tecidos daqui. As cores são maravilhosas. Escolhi um tecido um pouco mais discreto para fazer minha primeira roupa africana, um vestido. Eis a foto.

Com a ajuda da Coral Tintas, conseguimos pintar minha sala no GIL. Lá mantenho o Departamento de Português (sou meu chefe...), a biblioteca e a sala de aula. Semana passada, fizemos (a Embaixada) uma doação de mais ou menos 800 livros para meu departamento. Abaixo há fotos do “antes” (sala verde) e do “depois” (conforme prometido), inclusive uma foto da turma de alunos que recebeu bolsas do governo brasileiro para fazer cursos universitários no Brasil. Seis alunos estão atualmente no Rio, três em Porto Alegre, preparando-se para um exame de proficiência em português, antes de poderem entrar na universidade. Dei um curso preparatório durante janeiro e fevereiro, para que chegassem lá com alguns conhecimentos de Brasil e português.

No sábado fomos numa festa de aniversário e como a cor preferida do aniversariante é azul, a cor da roupa dos convidados também era para ser azul. Conheci a esposa (australiana) do embaixador italiano e pudemos conversar em português, pois ele já foi cônsul no Brasil. Os dois moraram em Curitiba por 3 anos naquele período.

Aqui as pessoas ainda não se deram conta de como é importante usar cinto de segurança. Poucas vezes se vê um motoqueiro com capacete. Que bom que isso já tenha mudado no Brasil. Certamente não tanto pela consciência das pessoas, mas por terem começado a aplicar a lei. Aqui também há leis, mas os policiais nem se preocupam em aplicá-la. Preferem pedir um dinheirinho para o "café". Em alguns lugares de maior movimento há barreiras montadas durante a noite. Eles não checam documentos do carro nem pedem carteira de motorista, apenas observam o interior do carro com uma lanterna e depois pedem um dinheirinho, tudo na maior naturalidade, como se fosse obrigação de todos os motoristas.

No Domingo fomos para um lugar chamado Ada, onde um colega libanês tem uma casa numa Ilha. É um lugar lindo com uma paisagem apaixonante, curtimos muito...

No domingo passado fomos convidados por um amigo a visitar sua casa de férias em uma ilha, perto da localidade de Ada-Foah, 110km Leste de Acra, não muito longe da divisa com o Togo. O lugar é maravilhoso, um estuário, onde o enorme Rio Volta encontra o Atlântico. Na primeira foto é possível ver a casa, que fica de frente para o estuário de água doce. Na segunda foto, pode-se ver as palmeiras do lugar. Ao fundo já dá para ver o mar.

Esses tempos quando estava tendo a campanha de vacinação, ouvimos na rádio que algumas tribos não queriam deixar vacinar seus filhos porque acreditam que causa impotência quando as crianças forem adultas. Para nós, sabendo que a vacina não causa impotência, fica a pergunta no ar: Será melhor ser deficiente, mas fértil?? A quantidade de deficientes aqui é tão grande que eles formam um verdadeiro “grupo”,  e por isso acredito que lidam com o fato melhor que por exemplo num país desenvolvido com uma quantidade muito menor de deficientes.  É até estranho, pois para eles tudo é normal. Mesmo com todos esses deficientes, o país não oferece nada para facilitar a vida deles, por exemplo, eles circulam com seus triciclos ou cadeira de rodas no meio das avenidas com um trânsito louco. Morro de medo que os automóveis atropelem algum...

Adinkra XIV

Para entender o que esta série está explicando, veja seu início no dia 01.12.2003.

MFRAMADAN GWA: O banco da casa-dos-ventos. Os símbolos gravados também aparecem em templos. he windhouse stool. Este banco pode ser usado por ambos os sexos.

ME FA ASA GWA: “A metade de mim acabou” (a metade do meu clã faleceu). Este banco é usado exclusivamente por mulheres.

DAMADAME GWA: O banco do jogo de damas, de influência européia. Pode-se ver pessoas jogando damas nas ruas, apesar do jogo ser estranho às “tradições” ganenses.

MMAREMU GWA: O banco da cruz. Somente com a permissão do Asantehene (chefe da tribo) alguém outro pode usá-lo, já que foi feito exclusivamente para ele.

NNAMA GWA: O banco dos dois centavos (two-penny stool), também conhecido como o banco do homem pobre. Custava antigamente dois pence (centavos).

Em breve mais.... escrevam !!!

 

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