The GHANA Blog


voltar


          Incluído dia 24.02.2004         


Na semana que passou tivemos a visita do diretor do Departamento da África no MRE, o Embaixador Pedro Motta Pinto Coelho. Fizemos uma visita interessante ao povo Tabom. Era para ser uma simples reunião de apresentação, mas fomos recebidos com uma grande festa. Tudo acabou em dança, pena que não levei a câmera....

Estar aqui é realmente uma experiência valiosa e única. Nessa tela retratei uma mulher fazendo um cozido. Logo ao lado um forno de barro que eles usam para assar ou defumar as carnes, principalmente peixe. Casas cor-de-rosa com janelas azuis também são bem comuns.

 

Dieter: Tem carnaval aí?

No sábado fomos a uma festa de carnaval na casa de uma angolana. Estava bem divertido e pude sambar bastante. Lógico que só deu estrangeiros na festa, pois o carnaval não é comum aqui.

No meio (fundo) pode-se ver a Rô sambando com blusinha do Brasil. No meio com camiseta física branca e chapéu verde está Régis, um brasileiro de Minas, bem ao fundo na direita, sorridente e de lenço vermelho na cabeça, está Lygia (embaixatriz, da Bahia).

 

Há duas semanas uma estudante minha preparou um prato típico ganense para nós. Trata-se do banku. A base do banku é mais ou menos uma polenta cozida, feita com milho branco. Com esta base come-se um molho bastante gorduroso, feito com óleo de palmeira, que dá o aspecto vermelho da coisa. Ovos cozidos, peixinho secado (pode ser p.ex. sardinha) e okro (quiabo) completam o molho.  Não é ruim, mas que saudade daquele filé argentino do Divino Mestre em Curitiba... Eis a foto do presente oferecido pela estudante:

Daniela: Oi Rosi e Marco, ontem passou uma reportagem sobre Ghana, ...., a reportagem foi bem interessante, falou muita coisa da qual nós já sabíamos, como por exemplo, quando alguém morre, eles fazem a maior festa, isto é padrão, ou existe alguma exceção?

Oi Dani, há muitas coisas que envolvem festas de funeral. Esse é um dos assuntos que ocupa boa parte do meu tempo de "filosofia de barzinho". É comum que todos os povos tenham a sua grande festa, seja uma oktoberfest, seja um carnaval, como é o caso esta semana no Brasil. Não sou etnólogo e não conheço bem o assunto, mas me parece que a grande maioria dos povos têm sua grande festa, que seja, de preferência, fora de qualquer orçamento, que ultrapasse todos os limites, enfim, que deixe os envolvidos “pendurados”. E esse também é caso das festas de funeral, como já expliquei. Gasta-se mais do que a conta bancária suporta, os familiares mais diretos passam por privações para poder dar de comer e beber a toda a família. Aqui perto de caso pude ver uma grande festa neste final de semana: chope, comidas e música ao vivo de sexta a domingo (até tarde da noite). Parece carnaval; o problema que todo final de semana há funerais... Para mim, porém, é muito estranho achar na morte de um parente uma oportunidade de festejar. Os mortos aqui têm muito valor, talvez mais do que os vivos, que morrem de fome, de malária etc, seguindo aquela coisa pregada, muitas vezes, até por certas igrejas: privações na terra, felicidade no "céu". Iiiih... Chega, já fui longe demais! Respondendo a pergunta: há exceções, pessoas que são contra este tipo de "festejo", principalmente porque paralisa a vida econômica da família por um mês ou mais, para organizar a festa. Outros vêem a festa como imoral, pois possibilita aos jovem excederem "limites", podendo conhecer potenciais namorados/namoradas. Coisa louca, não!?! Festejar funerais, porém, é a regra geral.

A luz cai de vez em quando. Aqui jantares a luz de velas geralmente não são para proporcionar um “climinha”. 

Enquanto que os adultos são cheios de pudores, não podem nem usar roupa de banho na praia, é possível ver crianças andando nuas pelas ruas e na praia, sem qualquer problema, na maior naturalidade. Na praia tirei esta foto de dois meninos que estavam brincando de serem pescadores. Ficaram sentados durante muito nas rochas com uma vara na mão (sem isca ou linha) simulando serem pescadores.

Resi: Tem muito peixe por aí??

Oi mãe, aqui tem bastante peixe sim. Mas não arriscamos comprar nas ruas, pois o estado dos peixes é meio duvidoso devido à conservação. Eles limpam os peixes na beira da rua, colocam nas bacias e ficam nas ruas vendendo com o sol batendo direto em cima, sem refrigeração ou qualquer cuidado com a conservação. O que parece bom é o peixe defumado e o camarão com pimenta, mas as moscas ao redor destes me tira a coragem de comprar. Bom mesmo é aquele peixinho no forno com alcaparras e aquele strogonof de camarão, lembra?? Beijinho da sua filha.

Fiquei um pouco chateado com o que ouvi sobre a repercussão do programa da TV Record, que incluía Ghana. Mais uma vez ficou confirmado que a TV adora trabalhar com estereótipos, mostrando coisas engraçadinhas, chocantes, sensacionais ou dramáticas. Quem não vive o dia-a-dia não consegue ter uma idéia do real.

No próximo domingo (29.02.2004) estarei indo para a Alemanha (Mannheim e Bremen) e a Áustria (Viena) para mais uma reunião do IDV (http://www.idvnetz.org). Nosso blog deve ficar sem atualizações até minha volta, dia 10.03.2004.

Adinkra XI

Para entender o que esta série está explicando, veja seu início no dia 01.12.2003.

Funtunfunafu denkyem funafu, won afuru bom nso worididi a na wo ko. Este símbolo revela a necessidade de unidade, ainda mais quando se tem destinos comuns com os outros.

Ese ne keterema (dentes e língua). "Wonnwo ba ne se." Nenhuma criança nasce com seus dentes. Sinal de que sempre crescemos e avançamos.

Adinkerahene. Outra versão de Adinkerahene. Muito usado nas impresses, ao contrário do outro.

Dame-Dame (jogo de damas). Jogo muito popular aqui em gana.

Sankofa. Outro desing de Sankofa (coração).

 

Em breve mais.... escrevam !!!

 

voltar