The GHANA Blog


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          Incluído dia 17.02.2004         


No sábado passado (14.02.2004) acabou a “Africa Cup of Nations”. A final foi disputada entre Tunísia e Marrocos; pela primeira vez na história a final foi entre dois países da África árabe (no norte). A Tunísia levou o título (também pela primeira vez) com a ajuda de três brasileiros naturalizados. Na final, vencida por 2 X 1, o brasileiro “dos Santos” (alguém sabe quem é?!?), o craque do time, fez o primeiro gol. Os ganeses acampanharam, durante três semanas, com muito interesse vários jogos, apesar de não terem se classificado para disputar a copa. Aqui na guest house inclusive os funcionários paravam para ver os jogos.

É muito comum ver rapazes com a camisa do Brasil, pois nosso futebol é amado por aqui também e nosso país é bem visto. Já ouvimos algumas vezes que nós brasileiros somos “irmãos” deles.  

Como já escrevemos anteiormente, muitos produtos brasileiros chegam aqui, eles são muito mais baratos que os alimentos que chegam da Europa. Nessa foto “peguei” a Rosiane, toda feliz, depois de ter comprado um suco de cada tipo (daqueles disponíveis aqui, claro!) e ter posto todos na mesa, feitos pela – falida – Parmalat no Brasil. Infelizmente não posso tomar nenhum deles, pois são todos de tetra-pak. Ao fundo pode-se ver o estoque de água que sempre mantemos em galões para “casos de emergência” (falta de água), que ocorrem pelo menos uma vez por dia.

Uma das coisas que acho estranhas aqui é a forma de cobrar ingressos em lugares turísticos. Sempre são mais caros para estrangeiros, e não discretamente mais caros, é de forma escancarada e discriminatória. Geralemente em torno de 10X mais. No castelo de Elmina um ganense paga ¢ 5.000,00 e um estrangeiro ¢ 50.000,00 para entrar. Dá para entender? Será que é para “evitar” estrangeiros? Os ganenses usam a hipocrisia para explicar: os estrangeiros têm mais dinheiro. Esquecem que um professor de classe média baixa de Angola que queira conhecer o lugar e chegou de Accra de ônibus pagará dez vezes mais que um ganense que acaba de chegar no seu super jeep novinho com ar condicionado. Há muitos ganenses que são extremamente ricos, há diferenças gritantes na divisão da riqueza, assim como no Brasil. Nunca vi este tipo de discriminação em nenhum outro lugar que estive. Alguém conhece isso? Será que o angolano teve o azar de nascer no lugar errado ?

Eu aprendi que pelas ruas não posso perguntar o preço de coisa alguma pois as vezes que fiz isso, tive companhia por um longo tempo, eles simplesmente “grudam” e não param de falar tentando negociar. Legal foi a vez que pedi o preço de uma bolsa e o carinha já tava andando ao meu lado a um tempão e o preço da bolsa já estava pela metade do valor inicial, eu obviamente irritada com a companhia indesejada fazendo de conta que não entendo nada de inglês “é uma das saídas”. Até que ele desistiu e perguntou que língua eu falava, quando respondi português, percebi que tinha dito a língua errada, pois o danado falava português, pois tinha morado alguns anos em Cabo Verde... eta sorte quando justamente não a quero...

Há duas semanas iniciei minhas aulas quinzenais com algumas pessoas do grupo “Tabom”, os ex-escravos retornados do Brasil após ganharem a liberdade. Ensino a eles noções de português, conto “história” do Brasil, apresento músicas, falo sobre o dia-a-dia em nosso país etc. Na foto abaixo estou com a turma que veio no primeiro encontro. Do meu lado esquerdo está o rei dos Tabom, Nii Azumah V, bisneto de brasileiros. Estamos na área de sua residência, que se torna a sala de aula improvisada.

No sábado fomos a uma festa do Valentine day “dia dos namorados”. A festa era na casa de belgas e a maior parte dos convidados eram holandeses. Como eles entendem alemão, a comunicação foi ótima para mim. Rolou até samba em homenagem aos brasileiros da festa.

Adinkra X

Para entender o que esta série está explicando, veja seu início no dia 01.12.2003.

Bese saka (um cacho de nozes de cola – da fruta de coca-cola, como a chamam aqui). O bese (noz da cola) é o favorito das tribos do norte de Ghana.

Tabon (o remo ou a hélice do motor do barco). Hélices são comuns em tribos da costa.

Pa gya (para acender o fogo). É usado para simbolizar guerra.

Dono (tambor). Simboliza música.

Akoma Ntoaso. Um símbolo de acordo ou concessão.

 

Em breve mais.... escrevam !!!

 

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