The GHANA Blog


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          Incluído dia 16.12.2003         


Como aqui é muito quente, eu sempre uso o cabelo preso num coque, mas essa semana fui um dia de cabelos soltos para o instituto. Quando entrei na sala de aula, o pessoal começou a falar “surpresa”, aí a mulherada simplesmente me rodeou e todos queriam passar a mão no meu cabelo, perguntando se era natural, se eu tinha usado algum alisante. Aqui as mulheres vivem usando alisante. Eu gosto mesmo é dos penteados com trancinhas, rolinhos e minhoquinhas que elas fazem no cabelo, acho lindo e no meu gosto fica muito mais bonito do que usar ele escorrido ou lambido.

Marco teve aniversário dia 10, fez 30 aninhos. À noite fomos comemorar num bom restaurante francês.

Sábado fomos de carro à maior feira de tudo o que é possível imaginar, chamado de Makola Market: desde pés de porco defumado até aquele último helicóptero chinês de plástico. Aliás, toda semana um sujeito tenta me vender um desses num sinal próximo ao Ghana Institute of Languages, tentando me convencer que preciso comprar aquele helicóptero, pois ele é very nice e tem um good price. Tentando chegar a um estacionamento, fui parado no meio da rua por um guarda, que cinicamente afirmou que eu havia passado pelo sinal vermelho na esquina, quando, na verdade, ele estava verde, nem amarelo não havia ficado. Ele pediu documentos e foi entrando no carro, sentou atrás e pediu para eu seguir em frente. Imediatamente desliguei o carro, puxei o freio de mão, pedi que ele descesse e que se quisesse dar multa poderia, mas que eu não iria com ele a lugar algum. Ele ficou muito assustado, desceu do carro, disse que dessa vez não ia fazer nada, mas que não passasse mais o sinal vermelho. Moral: como é perto do Natal, ele viu brancos em um carro, resolveu parar, pois via cifrões e notas de dólar nos meus olhos, ou seja, possibilidade de gorjeta natalina. Quando eu disse para ele tirar a multa, a coisa perdeu a graça.. Isso acontece muito com brancos aqui em Ghana o ano inteiro. O problema é que eles dão um dinheirinho para não ter problemas...

No domingo fomos conhecer o zoológico de Accra, não tinha muita variedade de animais. Achei os macaquinhos super fofinhos mas dá pena de ver eles presos e pedindo comida para nós. Também vimos estes crocodilos "mansos":

Uma coisa que não queremos comprar aqui é presunto e mortadela. É muito caro! 200g de uma mortadela ordinária custam uns R$ 16,00.

Interessantes são as vassouras que eles usam, elas não têm cabo, é só palha amarrada, não é nada prático, pois precisam ficar meio acrocados para conseguir varrer, ainda bem que aqui existem também vassouras “normais” ...

Perto de Busua conhecemos dois fortes: o Fort Metal Cross, na vila de Dixcove a Oeste de Busua, construído em 1691 por um capitão inglês chamado de Dixon. O nome Dixcove é abreviação de Dixon’s Cove (Enseada de Dixon). Dixon fez uma cruz de ouro que colocou no forte, daí o nome do forte. Em 1775 tornou-se local para guardar escravos. Entre 1868 e 1872 ele esteve nas mãos de holandeses. Foi um dos primeiros fortes em Ghana a ser restaurado, já nos anos 50. Hoje um inglês mora com sua esposa no castelo. Eles têm interesses turísticos e não combinam nem um pouco com a vila. Conhecemos os dois em Busua e os reencontramos passeando pelas ruas de Dixcove. Ela de salto alto pelas ruas esburacadas, parecia um ET. A Leste de Busua fica a linda praia de Butre. Lá há um fortezinho chamado Fort Badenstein (ano 1656). É um dos poucos que foram construídos por alemães. Está em péssimo estado. Um americano que conhecemos no Alaska Beach Resort, está tentando melhorar o local, para que ele possa receber visitantes.

Fort Metal Cross em Dixcove

Fort Badenstein em Butre

Este sou eu dando um passeio numa canoa, atravessando um rio na praia de Butre. O rio tem alguns crocodilos, que ficam escondidos no mangue.

Na praia de Busua tinha européias fazendo topless, ao contrário de Kokrobite onde o pessoal anda todo vestido. O que não são as diferenças culturais...

Acho que ficar amarrado nas costas da mãe quando pequeno e depois de crescido carregar coisas na cabeça não faz mal, pelo contrário, o contato tão próximo com a mãe acalma muito e dá segurança, eu ainda não vi nenhuma criança de chupeta. Carregar as coisas na cabeça exige bastante postura e equilíbrio, o que os deixa retinhos, fico impressionada como as coisas não caem. Acho que vou começar a carregar coisas na cabeça para melhorar minha postura...

Adinkra III

Para entender o que esta série está explicando, veja seu início no dia 01.12.2003.

Hye wo nyhe (não queime aquele que te queima). Síbolo do perdão. Mostre a outra face.

Nkonsonkonso (ligação ou corrente). Nós estamos ligados na vida e na morte. Aqueles que têm relações de sangue nunca se separam. Símbolo das relações humanas.

Owuo Atwedie Baako Nfo (obiara bewu). Todos escalam a escada da morte.

Sepow (faca usada em execuções). Ela é passada no rosto da vítima para evitar que ela rogue pragas contra o rei...

Gyamu atiko. Dizem que este é o design da barba de Gyawu (da tribo Bantamahene)

 

No final de ano provavelmente faremos uma pausa no nosso blog, pois teremos livre de 20/12/2003 a 05/01/2004. Se tivermos acesso à internet e estivermos em Accra, tentaremos “manter” o blog. A todos desejamos um FELIZ NATAL e um ótimo ano de 2004!!!!

 

Essa semana saiu um artigo em inglês na revista Brazzil citando parte de um texto que escrevi no ano passado sobre o filme "Moro no Brasil". Se quiserem conferir, basta entrar em http://www.brazzil.com/2003/html/news/articles/dec03/p109dec03.htm. O texto original que escrevi encontra-se aqui.

 

Em breve mais.... escrevam !!!

 

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