The GHANA Blog


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          Incluído dia 01.12.2003         


Inesperadamente tivemos na terça passada um feriado. Só na segunda ficamos sabendo que “amanhã” ninguém trabalharia por causa de uma comemoração muçulmana. Na terça de manhã dormimos mais tempo. Para nossa surpresa, alguém bateu na nossa porta perguntando em português se éramos do Brasil. Chegaram a essa conclusão depois estarem na mesma Guest House que nós e de verem no estacionamento, na traseira do meu carro, uma bandeirinha do Brasil, do RS e do Grêmio (viu Mauro, já serviu para alguma coisa tu teres mandado os adesivos por correio!!!). Eram um repórter e um cinegrafista independentes que estão produzindo um documentário sobre a rota dos escravos e o país (Ghana) hoje em dia para a Rede Record. Eles já estavam há duas semanas em Ghana e pretendiam partir para o Togo e o Benin, mas tiveram de ficar, pois os passaportes ficaram trancados na Embaixada do Togo por causa do feriado inesperado. Obra do acaso. Contei-lhes do povo Tabon, que eram escravos que retornaram para cá depois de conseguirem a liberdade no Brasil e sobre o projeto de leitorado, do Português no Ghana Institute of Languages etc. Eles decidiram ficar mais um dia para poder registrar esses fatos também, que eles desconheciam. Para que tudo desse certo, acionei a embaixada, mesmo sendo feriado. Com o apoio de um dos carros da embaixada, corremos para conseguir entrevistas com o rei do povo Tabon e para conhecer a Casa Brasil. No final deu tudo certo. Com minha ajuda, também conseguiram uma entrevista com meu aluno particular, o inglês Mark, dono do maior Cybercafé daqui de Ghana, para mostrar o lado moderno do país, e com Vincent, um americano especialista em AIDS, que está fazendo pesquisas aqui para seu doutorado. Fiquei feliz por perceber quantos contatos já fiz e quantas pessoas interessantes eu já conheci no pouco tempo que estamos aqui. Se quiserem ver o programa, ele passará em uma quinta de dezembro, às 21h00 (provavelmente dia 11.12., se der tempo para ser editado) no “Reporter Record”. Quem sabe até eu apareça falando alguma coisa... Nessa foto ao lado o repórter Henry está entrevistando um músico nigeriano nos fundos da futura Brazil House em Jamestown, um bairro de Accra.

Na segunda-feira ficamos sabendo que na terça era feriado muçulmano. Por acaso na mesma guest house que nós se hospedaram brasileiros, que vieram se apresentar assim que viram a bandeira do Brasil, do Grêmio e do Rio Grande do Sul coladas no nosso carro (coisas de Marco e Mauro), alguém precisa me enviar uma bandeirinha do Paraná e do Atlético paranaense para que eu possa colar no carro também, daí vai ficar lindo. Os dois são repórteres e logo se interessaram pela história dos Tabon. Fomos visitar o rei na terça para que na quarta-feira eles pudessem fazer a reportagem, pois segundo as regras do rei para que haja alguma conversa maior, primeiro precisa-se fazer uma visita de cortesia antes.

No Domingo fomos conhecer o porto de Tema que fica a 25km de onde estamos. Na volta passamos por um pedágio e andamos na primeira auto estrada boa desde que chegamos. Sem buraco nem congestionamento dá até uma sensação de euforia. Pagamos ¢ 500,00 de pedágio, ou seja, R$ 0,15.   

Domingo fomos conhecer a cidade portuária de Tema, que fica a meia hora de carro daqui, em direção ao Togo, e é a quarta maior de Ghana. A Rosiane tirou essa foto interessante de um navio encalhado, simplesmente abandonado no meio do nada:

Nessa tela retratei pessoas como vemos normalmente na praia com suas cestas na cabeça e modelitos longos:

Adinkra

Os ganeses geralmente escolhem suas roupas para usar segundo o significado das cores e dos símbolos estampados nelas. A estampa e a cor expressam sentimentos de ocasiões específicas como festas de funerais, festivais tradicionais, ritos de iniciação como o da puberdade, casamentos, durbars etc. Alegria está relacionada a cores alegres e a branco, enquanto que para funerais e luto predominam as cores como azul e vermelho escuros (!), marrom ou preto. Quando as pessoas vestem vermelho escuro ou marrom, isso significa que recém perderam um  parente próximo; já preto ou azul escuro mostram dor prolongada pela perda de uma pessoa amada como os pais, filhos ou companheiro(a). Um tipo de estampas existente, chamada de adinkra, está associada a atividades do dia-a-dia da sociedade, a idéias ou a crenças. Adinkra é expressão do Twi, língua falada pelo povo Akan, que quer dizer “dizendo adeus”. No passado, o estágio final de funerais de reis era caracterizado pelo uso de adinkras nas roupas; hoje são usados em todos os funerais, independente da origem ou do posto ocupado pela pessoa na sociedade. Há muitos adinkras, estarei apresentando cinco por semana nesse blog. Sempre serão apresentados com o nome em Twi, a respectiva tradução literal e uma eventual explicação adicional. Vale ressaltar que além do adrinka também existe o kente, mas isso já é outra história...

Gye Nyame (exceto Deus). Símbolo da onipotência e da imortalidade de Deus. Por todo o país é possível ver esse símbolo. Até nas detestáveis cadeiras de plástico brancas.

Funtunfunafu denkyem funafu won afuru bom nso worididi a na wo ko. Compartilhe o estômago, eles ainda estão lutando por comida.

Odenkyem (crocodilo) da nsuo mu nso ohome nsuo ne mframa. O crocodile vive na água, mesmo assim ele esrepira ar e não água.

Bi nka bi. Obi nka obi (não mordam uns aos outros). Evite conflitos. Símbolo da unidade.

Osrane (lua). Osrane nnfiti preko ntware man. A lua precisa de algum tempo para dar a volta inteira na nação.

O natal está próximo, os dois mercados e comércio já estão enfeitados.

Em breve mais.... escrevam !!!

 

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