The GHANA Blog

Incluído dia 11.11.2003

As frutas que comemos por enquanto são todas muito saborasas e bastante doces. O abacaxi e a papaya (mamão) em especial são simplesmente deliciosos, logo entra a época da manga, os pés já estão bem carregados. O que também é bem carregado são algumas árvores nas ruas, olhamos para cima e vemos “cachos de morcegos” numa quantidade incrível, legal é quando eles resolvem voar, dá para se sentir participando de um filme de vampiros ou sei lá...

Nesta semana que passou me informei melhor sobre essa história da guarda dos defuntos aumentar indiscriminadamente a prática de sexo entre os jovens. Falei com muitas pessoas e todas me contaram um pouco sobre o rito que cerca a morte de uma pessoa, de forma que tenho uma idéia inicial do que isso representa para os ganeses. Da mesma maneira comecei a entender a frase que parece muito estranha. Vamos por partes. Os ganeses acreditam que quando alguém morre, ele se libertou desse mundo e vai para um mundo melhor, o que, na maioria dos casos, deve ser festejado pelos parentes que continuam vivos. Apenas quando uma pessoa morre jovem, vítima de acidente, por exemplo, é que eles ficam tristes, pois consideram que ela não aproveitou plenamente a vida nesse mundo. Para um funeral todas as pessoas da família são convidadas. Caso haja alguém que more longe, deve-se esperar sua chegada. Os defuntos ficam guardados em geladeiras para manter a conservação. Depois da chegada de todos os convidados, um festa enorme é feita de sexta a domingo. Todos devem vestir roupas novas, com tecidos especificamente feitos para esse tipo de comemoração. Festa de funeral parece um pequeno carnaval em família. Quem sabe um dia eu possa ter o prazer de ser convidado para um. Um estudante me contou que foi no funeral da sogra no final de semana passado, que lá só havia do bom e melhor. Que inclusive importaram café especial da Inglaterra para a ocasião por ¢ 16.000.000,- o quilo, ou seja, mais ou menos R$ 5350,00. Loucura! Além de festejar em casa, há a possibilidade de ir aos bares em grandes grupos, etc. Nesses festejos tudo é permitido, de forma que os jovens também se sentem livres para « festejar », daí a frase lida no jornal que parecia não fazer sentido.

Também já sei um pouco sobre os cortes no rosto que se vê, mas ainda não sei o suficiente para escrever em detalhes, semana que vem tem mais...

O que estressa eu e Marco é que ainda não temos moradia fixa, logo ainda estamos morando com a bagagem toda nas malas, ainda bem que a “guest house” que estamos é aconchegante. O pessoal quando quer me encher um pouco o saco ou chamar minha atenção nas ruas, na sala de aula ou mesmo em casa “Marco” me chamam de Rosalinda que é a personagem principal de uma novela mexicana que está passando na televisão e como não temos televisão nas últimas quatro semanas ainda não sei com o que estou sendo comparada....

O trânsito aqui é uma loucura. O equipamento mais importante de um carro é a buzina. Buzina-se para tudo: quando se passa por um cruzamento, quando se é o oitavo da fila do sinal vermelho que acabou de abrir, mesmo que todos da frente já estejam andando etc. De manhã, quando quero sair pelo portão de casa, muitas vezes tenho de esperar para entrar na pista por causa do movimento. De cada um que passa sou obrigado a ouvir uma buzinada, pois todos acham que o motorista possa tentar sair, mesmo sem pista livre. Nas ruas os carros vêm por todos os lados. Só não vi ainda algum vindo de cima, mas não duvido que isso possa acontecer. Nosso Astra Opel (Opél na pronúncia daqui) agora tem uma bandeirinha do Brasil, outra do RS e uma - acreditem - do Grêmio coladas na traseira, depois do meu irmão Mauro ter me mandado por correio. Isso eu jamais faria no Brasil, mas aqui vale tudo. Também juro que só pedi bandeirinha do Brasil, mas meu irmão resolveu mandar por conta própria as outras, que não pude deixar de aproveitar... Semana que vem escreverei sobre os TROTOS no trânsito.

No sábado nós e um casal (ela alemã e ele americano) fomos na casa da Sara, que é uma professora italiana de alemão e mora junto com um ganês chamado Cyprus. Ele é guia turístico e gosta muito de contar coisas sobre os costumes locais, é muito legal. Ele nos contou que quando existem bandeirinhas brancas na frente de uma casa significa que o homem se interessou por uma mulher já comprometida e fez sumir o companheiro para poder ficar com ela. O pior é que as mulheres nem ficam revoltadas com a situação pelo contrário, ficam felizes pois sabem que estão com um companheiro mais forte e, dependendo do número de bandeiras, é a quantidade de sumidos, pois, se mais alguém se interessar por essa mesma mulher e fizer o atual companheiro sumir, leva a mulher e acrescenta mais uma bandeira à quantidade de bandeiras que já tem e assim vai...... Cyprus também cozinhou para nós, fez comida ganesa, um cozido de plaintain e nham, servido com um molho feito com óleo de palmeira, cebola, tomate, sal e por último acrescenta ovos batidos. A comida ficou saborosa, mas é impossível comer muito, pois pesa no estômago.

Nesta foto Cyprus, com roupa normal ganesa, está na cozinha com seu irmão mais novo, fã de Celine Dion e do Titanic. Quem reparar bem nos detalhes, vai descobrir um indício claro de que uma italiana (Sara) mora com os dois... Nesse dia só os homens tiveram acesso à cozinha. Eu e Vincent (o americano) cortamos tomates e cebola para o molho.

Muito bom aqui em Ghana é o pó de cacau puro, sem açúcar. Ele é amargo como café. Geralmente também é preparado na xícara como café solúvel. Forte e nourishing (nutritivo), para usar uma palavra típica da mídia daqui. Em 99% (estou exagerando um pouco) das propagandas de alimentos e bebidas pelos outdoors da cidade pode-se ler que o produto é nourishing. Acreditem, até em uma propaganda de água mineral já li isso. Será que ela é pura mesmo?!? Provavelmente isso por aqui soa bem, por nutrição e subnutrição ainda estarem tão presentes. Muitos têm barrigas enormes e parecem ser fortes, mas, na verdade, estão mal-alimentados, apenas gordos.

Em breve mais.... escrevam !!!

voltar